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Agricultura

CAP une países do Sul da Europa em defesa de uma PAC “mais forte”

CAP une países do Sul da Europa em defesa de uma PAC “mais forte” iStock

Portugal, Espanha, Itália, Grécia, França e Croácia defenderam uma Política Agrícola Comum (PAC) “mais forte, mais justa e mais competitiva”, no âmbito de uma ronda de reuniões institucionais promovidas pela Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), em Bruxelas.

De acordo com o comunicado de imprensa, o apelo foi transmitido ao Comissário europeu da Agricultura, Christophe Hansen, pelas confederações de agricultores que representam o Sul da Europa, que se uniram de forma inédita para defender a agricultura europeia.

 

Esta aliança surge num momento em que a Comissão Europeia apresentou recentemente um pacote de medidas para simplificar a burocracia da PAC, com os agricultores a elogiarem a proposta, mas a sublinharam que “está longe de assegurar a competitividade e a resiliência que o setor agrícola europeu necessita”.

Foto Comitiva da CAP com Comissario da Agricultura

 

A nota de imprensa enfatiza ainda que a condição deve passar pela “manutenção da PAC como instrumento central da política europeia”, tal como acontece desde a fundação da UE.

Perante a possibilidade de a Comissão vir a integrar o orçamento destinado à agricultura europeia num fundo único, a CAP considera que este é “um momento crucial” para o setor, assim como se trata de uma altura que “exige a união das vozes e das forças dos diversos Estados-Membros, na defesa de uma PAC mais forte”.

 

A CAP defendeu ainda que a PAC deve continuar a assentar nos seus dois pilares fundamentais: os apoios diretos aos agricultores e os fundos destinados ao desenvolvimento rural, assim como “uma PAC que dê resposta às especificidades muito próprias da Agricultura do Sul da Europa, agravadas pela escassez de água e pelas consequências das alterações climáticas”.

Para Álvaro Mendonça e Moura, presidente da CAP, “entendemos ser este um momento crucial para unir os esforços dos Agricultores do Sul da Europa. Podemos ter passados históricos diferentes e culturas diversas, mas a nossa realidade agrícola partilha de muitos pontos comuns. Debatemo-nos com as mesmas dificuldades e idênticos dilemas. Precisamos de trabalhar em conjunto e de fazer ouvir a nossa voz, unida, junto dos decisores políticos. Foi por isso que a CAP decidiu promover, em Bruxelas, o encontro entre as diversas confederações e alinhar as posições. Juntos, os agricultores do Sul da Europa são mais fortes”.

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Para o responsável, o momento é de enorme relevância e crucial para o futuro da própria UE: “a ameaça de uma renacionalização da PAC, deixando a cada país a decisão individual sobre o orçamento destinado à atividade agrícola, coloca em causa a competitividade do conjunto da agricultura europeia e aprofunda as desigualdades entre países. Trata-se da única política da UE verdadeiramente comunitária. E assim deve continuar a promover a justiça entre os agricultores europeus e garantindo aos cidadãos o acesso a produtos alimentares de qualidade e seguros. Este é um desígnio que não pode ser posto em causa”.

Em uníssono, as confederações agrícolas dos seis países defenderam, numa altura em que se inicia a negociação do próximo Quadro Financeiro Plurianual da União Europeia (2028-2034), o reforço dos recursos destinados à Agricultura.

Sublinharam o forte impacto do aumento dos custos de produção e a consequente perda de rentabilidade agravada pela inflação, as organizações alertaram para a necessidade urgente de garantir sustentabilidade económica ao setor. Reforçaram ainda que a competitividade da agricultura europeia só será possível com a aplicação efetiva de um princípio de reciprocidade nas negociações de acordos comerciais, assegurando que os produtores europeus não sejam prejudicados face a concorrentes de países terceiros que operam com regras e exigências menos rigorosas.

Além disso, as confederações apontaram ainda para a necessidade de a Europa desenhar uma estratégia específica para água, com a “devida alocação de recursos e de infraestruturas, destinada a garantir o armazenamento e a disponibilidade de recursos hídricos na UE”.