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Floresta

Incêndios florestais têm efeitos duradouros na qualidade da água, revelou estudo nos EUA

Incêndios florestais têm efeitos duradouros na qualidade da água, revelou estudo nos EUA iStock

Mesmo vários anos após a ocorrência de um incêndio florestal, os contaminantes deixados no solo continuam a comprometer a qualidade da água em rios e ribeiros no oeste dos Estados Unidos da America (EUA) e por períodos significativamente mais longos do que os cientistas previam.

Os resultados mostraram que substâncias como carbono orgânico, fósforo, azoto e sedimentos podem comprometer a qualidade da água até oito anos após o incêndio.

 

Os investigadores concluíram ainda que os impactos são mais graves em zonas florestais e podem surgir de forma imediata ou com algum atraso, dependendo da intensidade das chuvas e das características do terreno.

“Pode demorar dois a oito anos até o efeito se manifestar por completo”, afirmou Ben Livneh, coautor do estudo e investigador do Instituto Cooperativo para Investigação em Ciências Ambientais (CIRES, na sigla em inglês). E continua: “às vezes é preciso uma tempestade suficientemente forte para mobilizar os contaminantes que ficaram no solo”.

 

O estudo comparou dados de bacias afetadas por incêndios com outras ditas intactas, medindo indicadores como o nível de partículas em suspensão, níveis de fósforo, azoto e carbono orgânico. Foi também possível verificar que os impactos variam de região para região, consoante a proximidade dos incêndios aos cursos de água, o tipo de solo e a vegetação local.

“Algumas ribeiras ficam praticamente sem sedimentos depois de um incêndio, enquanto outras apresentam níveis 2.000 vezes superiores”, explicou o responsável.

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Apesar dessa variabilidade, os investigadores acreditam que os dados agora revelados são fundamentais para os responsáveis pela gestão da água, ajudando a preparar melhor as comunidades para futuros incêndios.

“Não se conseguem financiar melhorias com base apenas em preocupações genéricas. Os gestores precisam de números concretos e é isso que lhes estamos a fornecer”, afirmou Ben Livneh.

 

O estudo, publicado na revista Nature Communications Earth & Environment, analisou mais de 100 mil amostras de água em mais de 500 bacias hidrográficas da região.

A investigação, liderada por cientistas da Universidade do Colorado Boulder, é a primeira análise em larga escala sobre os efeitos dos incêndios na qualidade da água.