Os produtores contestatários reuniram-se numa vacaria desativada daquela cidade para exigir, pelo menos, um aumento de cinco cêntimos por litro de leite que seria alegadamente o suficiente para “salvar” o setor. Três associações representantes de produtores leiteiros e agricultores afirmam mesmo, num comunicado tornado público, que caso não sejam tomadas “medidas urgentes” continuarão a ocorrer fechos de explorações. “Tínhamos 84 mil produtores em Portugal, agora temos oito mil”, alertou um dos produtores presentes no encontro.
Uma das principais críticas feitas pelos três signatários do comunicado – Associação dos Agricultores de Vila do Conde, Associação dos Jovens Agricultores do Distrito do Porto e Associação dos Produtores de Leite de Portugal – é a da preferência do mercado pela produção de leite estrangeiro quando o nacional é mais barato: “Porque se regista a importação de leite e produtos lácteos para as marcas brancas dos hipermercados, quando o preço ao produtor em Portugal (janeiro: 0,31€ no continente e 0,28 nos Açores) é inferior à média comunitária (janeiro: 0,33€) e ainda acrescem os custos de transporte?”, perguntam.
“De acordo com os últimos dados divulgados pelo Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas (IFAP), na última campanha registou-se uma redução na produção de 2,38% entre abril e dezembro de 2010 (menos 33076 toneladas), comparativamente a idêntico período do ano anterior, em cuja campanha (abril 2009 – março 2010) também já tinha sido registada uma redução de 2,77% (menos 52660 toneladas de leite produzido)”, apontam as associações.
Pela alegada eminência de condições insustentáveis para o setor leiteiro, as associações pedem que haja um diálogo entre a Industria e a Distribuição para que a produção nacional de leite seja melhor regulada: “Porque não subiu ainda o preço do leite ao produtor em Portugal, se indústria e distribuição sabem das dificuldades dos produtores?”.
