2012
O aumento das taxas de cofinanciamento dos fundos comunitários para Portugal (e outros cinco países afetados pela crise económica) pode trazer um novo alento ao desenvolvimento rural.
Bruxelas está disposta a contribuir até 95% do total de investimento em projetos que ‘reforcem a competitividade, o crescimento e o emprego’. A medida, excecional e em vigor apenas até ao final de 2013, pode permitir desbloquear algumas situações ‘embargadas’ por falta de verbas nacionais e que agora ficarão mais simplificadas.
Uma boa notícia a fechar um ano marcado pela retração do consumo (e de acordo com o INE pela primeira vez os produtos alimentares começam também a ressentir-se) motivada por uma crise de contornos indecifráveis, que está aí para durar.

A política europeia continua a seguir o caminho da ecocondicionalidade, do bem estar animal, da proteção ambiental. Seria perfeito, não fosse a Europa estar a competir e a assinar acordos de livre comércio com países onde estas regras estão longe de ser aplicadas. A agricultura está a servir de moeda de troca para negociar facilidades à entrada de produtos industriais europeus no resto do mundo. E assim se vai, devagarinho, aniquilando a capacidade competitiva dos produtores europeus, agricultores entenda-se.
2012 será também o ano em que o ministério da Agricultura começará a desenhar o próximo ‘Proder’, como quer que venha a chamar-se o novo pacote de ajudas ao investimento pós 2013. Esperemos que seja um programa ajustado à realidade, simples mas sem perder rigor, sem epifanias, sob pena de falhar como o último. Não deve ser a cara de um ministro, ou uma ministra, mas sim de todos os agricultores. Não deve ser feito em sigilo no Gabinete de Planeamento mas sim em sintonia com os interesses dos agricultores e todos os setores agrícolas e agroindustriais. Parece-me positivo que a Assunção Cristas já tenha dito que não quer apostar em setores ou fileiras ‘estratégicos’. Porque estratégicos são todos os projetos bem pensados e realistas, estruturantes, que criem riqueza e tragam desenvolvimento às regiões onde estão implementados. Independentemente de ser um pomar de kiwi ou uma seara de trigo.
A terminar, em nome da VIDA RURAL desejo a todos os nossos leitores um santo Natal e um excelente 2012!