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Adaptação

Angola é actualmente o nosso maior mercado de exportação de vinhos. Muito a granel, bem certo, mas a crescer a bom ritmo em vinhos engarrafados e premium. O potencial é enorme, num país em que 97% dos vinhos consumidos são portugueses mas onde apenas 30% das bebidas alcoólicas adquiridas são vinho.

Angola é actualmente o nosso maior mercado de exportação de vinhos. Muito a granel, bem certo, mas a crescer a bom ritmo em vinhos engarrafados e premium. O potencial é enorme, num país em que 97% dos vinhos consumidos são portugueses mas onde apenas 30% das bebidas alcoólicas adquiridas são vinho.

Não vale a pena falar no óbvio. Sim, é difícil controlar, quando mais de metade das vendas são feitas em ‘janela aberta’ e em vendedores ambulantes. Sim, garantir que um contentor é desalfandegado sem percalços é quase milagroso. Sim, encontrar parceiros fiáveis que possam gerir o negócio lá não é fácil. Mas ainda assim os números revelam que vale a pena.

 

O curioso, e é sobre isso que importa reflectir, é o perfil de vinho que o consumidor angolano quer: Marcas reconhecidas e com status, mais grau alcoólico (porque a graduação é sinal de virilidade e um vinho tem de ‘bater’); adocicado ou frutado; preferencialmente tinto (o branco é associado à culinária e considerado como não másculo) e geralmente gaseificado. Ou seja, um pouco em contra ciclo com o que procuram os consumidores dos países nórdicos ou os norte-americanos, que estão a comprar vinhos com menos álcool e a descobrir os brancos.

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O que nos leva ao difícil dilema do produtor. Que tipo de vinho produzir quando o mercado é tão diversificado ao nível do perfil do consumidor? A resposta parece ser claramente vários vinhos. Quem aposta no mercado externo tem de estar preparado para esta diversidade. Tem de conhecer os mercados para onde vai e conceber o vinho e a embalagem para cada alvo. Um francês ficará encantado com um ‘Quinta de qualquer coisa’, em rótulo sóbrio, ao estilo do melhor chatêau. Um nórdico quererá um vinho pouco graduado, de preferência em bag-in-box, com uma relação qualidade preço imbatível. Um angolano quer rótulos coloridos, vinhos com 14º, doces e com gás.

 

O Angola Wine Report 2010, o estudo que a ViniPortugal encomendou para entender o mercado angolano, é a prova de que antes de investir onde quer que seja é preciso conhecer a realidade. Atrevo-me a dizer que é necessário um estudo para cada país para onde se pretende exportar.

Diz-se que o conhecimento é poder. E eu acrescentaria que alavanca os bons negócios.