“Não estamos contra a distribuição, não somos nem queremos ser inimigos da distribuição, queremos ser parceiros e que haja uma justa repartição de valor e que todos ganhem neste negócio. Que ganhem os produtores, a indústria, a distribuição e também o consumidor”, salientou Fernando Cardoso, secretário-geral da FENALAC (Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite) no final de uma reunião com o diretor da loja do Continente de Matosinhos.
Fernando Cardoso sublinhou também a importância do consumidor para os produtores. “Não queremos que os preços dos produtos aumentem, queremos é que os preços reflitam os custos de produção e que sejam acessíveis aos consumidores”, avança a Rádio Renascença.
Sobre a concorrência dos produtos não nacionais, o responsável lamentou a existência de uma “uma guerra brutal ao nível da distribuição”, uma “guerra de aparência e de comunicação de quem é que consegue por os produtos a um preço mais baixo”.
“As importações, a preços abaixo de custo, são muitas vezes uma arma de chantagem, perante a produção nacional”, criticou Fernando Cardoso para quem essa situação “muito grave” acaba por “impedir e destruir toda a cadeia de valor agrícola nacional”.
O dirigente da FENALAC defendeu ainda a criação urgente de um regime de regulação das marcas brancas que “devem obedecer a um regime legal muito mais apertado”.

Posição do Continente
A administração do hipermercado (Continente), que foi o alvo do protesto, diz não ver qualquer razão para esta ação.
A cadeia de distribuição reafirmou que “mantém um compromisso com os consumidores”.
“O Continente assume um compromisso com os consumidores portugueses de fornecer os melhores serviços e produtos, preferencialmente nacionais, ao melhor preço”, avança o Agroportal.
A situação foi desencadeada no passado dia 4 de janeiro, quando a Associação Nacional dos Industriais dos Lacticínios (ANIL) e a Federação Nacional das Cooperativas de Produtores de Leite (FENALAC) acusaram o Continente de ‘dumping’ nos preços do leite.