Numa altura em que existe um deficit de matéria-prima que põe em causa milhares de postos de trabalho o Governo deixa cair mais uma vez o Sector Florestal. As medidas florestais do PDR 2020, que deveriam ter tido início em Março deste ano, apenas agora estão a começar e sóse conhece a regulamentação de duas das nove medidas associadas ao sector.
A chamada época de transição, iniciada no ano passado, cujo objetivo seria não fazer parar o investimento pode vir a tornar-se num pesadelo para o Setor. Um ano volvido, essas candidaturas não começaram sequer a ser analisadas e o pior é que nem sabem dizer aos investidores quando irão começar a ser aprovadas. A ANEFA questiona então de que serviu a época de transição?
E o PDR 2020 onde está? O único concurso florestal que abriu diz respeito à luta contra fatores bióticos (pragas e doenças) e abióticos (incêndios) e irá consumir mais de um terço destinado ao setor para o PDR 2020, sendo que, apesar de encerrar o concurso já no final do mês (não dando praticamente prazo para se prepararem devidamente as candidaturas, já que não se conheciam as regras), 90 % do orçamento desse concurso já se encontra comprometido com a referida época de transição. Uma boa altura para iniciarmos operações de prevenção contra os incêndios– o Verão.
Será este o destino que queremos dar à nossa floresta? Não chega o Sr. Presidente da República dedicar um dia à Floresta e pedir à Comunidade Civil que a preserve e cuide dela. A Floresta faz-se com Pessoas e Investimento, e esse Investimento só é possível se as “regras do jogo” forem conhecidas.Não nos podemos ainda esquecer que o investimento na Floresta é sazonal. Estes atrasos somam praticamente dois anos sem se investir na nossa floresta, colocando em causa a sustentabilidade dos espaços florestais e das próprias empresas, e esta é sem dúvida uma preocupação da ANEFA. Empresas que geram riqueza, que empregam milhares de pessoas e que se vêem uma vez mais à beira do abismo…
Infelizmente o actual Governo ainda não percebeu que o “superavit” do sector tem como base a própria Floresta, e que se ela não existir, passaremos a ter um deficit semelhante ao que acontece com a agricultura. Com a agravante de que a floresta não se “faz” de um ano para o outro… Parece que a ANEFA tinha razão quando disse que a saída do Sr. Secretário de Estado das Florestas e a extinção do cargo só iria trazer uma maior fragilidade ao setor.