Quando se fala em viticultura do Douro, o nome Real Companhia Velha é incontornável, com destaque para a Quinta das Carvalhas. Álvaro Martinho Lopes da equipa de viticultura e enologia da RCV frisa que “sustentabilidade é a palavra-chave porque numa visão mais realista temos de olhar para o território de uma forma abrangente. O centro é a vinha mas tudo o que está à volta é importante. O Douro é uma região única no mundo com condições naturais que conferem tipicidade aos vinhos” e salienta: “a maneira como usamos o nosso solo é determinante para a sustentabilidade e para garantir o futuro”.
O responsável adianta que “após 15 anos de novas práticas, como o enrelvamento, o coberto vegetal na vinha, mais árvores e refúgios para os auxiliares, uso de confusão sexual para combater a traça e outras ações, conseguimos reduzir em 60% a aplicação de fitofármacos”. Estas práticas foram sendo introduzidas em todas as cinco quintas da RCV (Carvalhas, Aciprestes, Cidrô, Casal da Granja e Síbio).
A RCV tem já algumas parcelas de vinha biológica na Quinta das Carvalhas (2+2hectares) e 7 hectares na Quinta do Síbio, mas Álvaro Martinho Lopes sublinha que “mais importante do que ter uma ou duas vinhas em MPB é olhar para a viticultura em termos globais, de forma sustentável e equilibrada”.
Uma sustentabilidade ambiental, económica mas também social: “definimos uma estratégia em que estas decisões e mudanças na atividade vitícola deveriam ser feitas em simultâneo com mudanças progressivas de mentalidade de todos os nossos colaboradores. Fizemos muitas ações de formação e de sensibilização por forma a criar uma nova ‘abordagem’ vitícola além disso, investimos muito na melhoria das condições de trabalho”, explica-nos o responsável, adiantando que “hoje 70 a 80% das pessoas que trabalham comigo na vinha são mulheres e a sua remuneração é igual ao homem. Criámos e melhorámos as condições de trabalho com novas áreas sociais e condições sanitárias. Adquirimos miniautocarros e contratámos condutores especializados para oferecer excelentes condições de transporte – segurança e conforto”.
Álvaro Martinho Lopes volta a defender que “o que é importante é olhar para as quintas e para a região como ‘um todo’ e perceber que o território (solo, plantas – Natureza) é o património mais valioso que temos. É ele o responsável pela qualidade diferenciadora dos nossos vinhos e por isso temos o dever, a obrigação de o proteger” de forma a “assegurar o futuro”.