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Agricultura

Preços elevados nas commodities vão manter-se até 2024

Preços elevados nas commodities vão manter-se até 2024

A Associação Nacional de Produtores de Milho e Sorgo (ANPROMIS), com base no relatório “Commodity Markets Outlook” de abril de 2022, elaborado pelo World Bank Group, alertou que os preços elevados, causados pela guerra na Ucrânia, vão manter-se assim até ao final de 2024.

“Em termos gerais, isto representa o maior impacto nas commodities vivido desde a década de 1970. Tal como naquela época, este impacto é agravado por um aumento nas restrições ao comércio de alimentos, combustíveis e fertilizantes”, disse o vice-presidente de Crescimento Equitativo, Finanças e Instituições do Banco Mundial, Indermit Gill.

 

“Esses desdobramentos começam a dar sinais de alerta sobre uma possível estagflação [inflação elevada e desemprego elevado]. Os formuladores de políticas públicas devem aproveitar todas as oportunidades disponíveis para aumentar o crescimento económico interno e evitar ações que prejudiquem a economia global”, considerou.

No que respeita aos cereais, o economista sénior do Grupo de Perspetivas do Banco Mundial, John Baffes, considera que “os efeitos em cascata serão duradouros. O forte aumento dos preços dos fatores de produção, como, por exemplo, energia e fertilizantes, pode levar a uma redução na produção de alimentos, principalmente nas economias em desenvolvimento”.

A subida do preço do milho superior a dois dígitos

 

De acordo com o relatório, o Índice de Preços de Grãos do Banco Mundial subiu 14% no primeiro trimestre de 2022 e é quase 20% superior ao registado no mesmo período do ano anterior. No que respeita ao milho, é avançado que os preços deste cereal subiram 20% no primeiro trimestre de 2022, chegando ao valor de 335 dólares/toneladas em março. A Ucrânia agora em guerra representa 3,5% da produção mundial de milho.

É relatado ainda que a sementeira na China e nos Estados Unidos da América decorre como seria expectável e a melhoria das condições de produção em países como o México e a Índia é favorável ao mercado do milho, em particular. O relatório faz ainda menção à redução da produção na Argentina e no Brasil, devido ao fenómeno natural La Niña.

 

Ao nível mundial, a produção de milho deverá crescer 7,5% esta campanha, comparativamente à anterior, e o consumo deverá registar o aumento de 3,4%.

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Fertilizantes: aumento dos preços pode chegar aos 70%

 

O Índice de Preços de Fertilizantes do Banco Mundial registou uma subida de quase 10% no primeiro trimestre de 2022. Este aumento segue a tendência já verificada o ano passado, quando se registou um aumento dos preços na ordem dos 80% devido a interrupções de fornecimento, crescimento do custo das matérias-primas e restrições comerciais na China e na Rússia.

As expectativas são de o preço dos fertilizantes continuar a crescer, podendo vir a aumentar mais 70% face aos preços atuais. “Esta é também uma consequência da guerra que se trava na Europa, uma vez que a Rússia e a Bielorrrúsia estão entre os principais fabricantes de fertilizantes e dos maiores fornecedores de gás natural, uma das matérias-primas dos fertilizantes nitrogenados”, nota o relatório.

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Energia em crescimento este ano

Os preços da energia devem aumentar mais de 50% em 2022, antes que comecem a recuar em 2023 e 2024. Prevê-se que os preços das commodities não energéticas, tais como produtos agrícolas e metais, aumentem quase 20% em 2022 e também recuem nos anos seguintes.

“O aumento resultante nos preços dos alimentos e da energia impõe grandes desafios para o Ser Humano. Provavelmente impedirá avanços na redução da pobreza. Preços de commodities mais altos exacerbam as pressões inflacionárias, já elevadas em todo o mundo”, disse o diretor do Grupo de perspetivas do Banco Mundial, Ayhan Kose.