Os nossos soutos estão envelhecidos, são pouco produtivos, penalizadores ao nível dos custos e a comercialização continua a ser feita de forma desorganizada e essencialmente em fresco. Unidades de transformação contam-se pelos dedos de uma mão (e sobram) e mesmo assim apenas para processamentos simples, como o descasque e congelação. Quem parece gostar desta nossa inércia são os franceses. Compram em Portugal castanha de altíssima qualidade que levam para o seu país confitar o famoso, e caro, marron glacé, que volta a entrar no nosso país, em delicados e pequenos frasquinhos, na prateleira gourmet. A castanha é portuguesa, mas o valor acrescentado fica para outros.
Este cenário, genérico mas real, tem tudo para mudar. Nos últimos anos têm-se assistido a um novo olhar sobre o castanheiro e a castanha. A investigação vai avançando (há muitas doenças para combater e variedades para testar) e alguns agricultores começam a investir na cultura. A reconversão de antigos soutos e a plantação de novos, modernos, regados e com boas produtividades está a fazer-se devagarinho, alargando-se inclusivamente a zona de produção. A castanha começa a atrair investidores e há projetos para a instalação de agroindústria. E este é o ponto essencial. Num país pequeno, e com uma produção pulverizada e desorganizada, a existência de unidades de transformação vai fazer a diferença. Como dizem alguns investigadores e produtores nacionais, no que diz respeito à valorização comercial, “o caminho está todo por fazer”. Um caminho difícil, em especial numa altura de condicionantes económicas, mas que terá que ser percorrido, seguramente, se quisermos um futuro para este fruto.
