Os trabalhadores de explorações leiteiras afetadas pela grive aviária, dos estados de Michigan e Colorado, nos Estados Unidos da América (EUA), registaram uma baixa utilização de equipamentos de proteção individual, concluiu um relatório do Centro de Controlo e Prevenção de Doenças (CDC).
Entre junho e agosto de 2024, o CDC e os departamentos de saúde dos estados americanos em questão realizaram inquéritos e testes serológicos a 115 trabalhadores de explorações leiteiras que estiveram em contacto com animais infetados nos últimos 90 dias.
Apesar de os trabalhadores terem estado expostos ao vírus, o uso de equipamento de proteção individual foi baixo no geral, concluiu o relatório, com apenas 37% dos trabalhadores a indicarem usar óculos de segurança e menos de 21% a afirmar utilizar máscaras ou outra proteção respiratória recomendada.
Este grupo foi avaliado através de amostras de sangue para identificação de anticorpos específicos para o vírus da gripe aviária. Do total, oito (7%) apresentaram anticorpos indicativos de infeção recente pelo vírus, com títulos de anticorpos significativamente elevados.
Todos os trabalhadores com resultados positivos relataram ser responsáveis por tarefas de limpeza das salas de ordenha e ter contacto frequente com os animais, enquanto a maioria também realizava tarefas como ordenha e movimentação de gado dentro das instalações.
De acordo com o relatório, isto sugere que o risco de transmissão pode estar relacionado com atividades que envolvam contacto direto ou próximo com animais infetados ou as suas secreções.
No grupo de trabalhadores que testaram seropositivos, nenhum utilizou equipamento de proteção respiratória, sugerindo uma falta de cumprimento de medidas de prevenção recomendadas para ambientes de alto risco, como explorações afetadas pela gripe aviária.
Entre os trabalhadores que testaram positivo, quatro relataram ter tido sintomas leves no período em que os bovinos apresentaram também sinais de infeção. Os sintomas comuns incluíam irritação nos olhos, dor de garganta e congestão nasal, embora a maioria não considerasse estes sintomas suficientemente graves para procurar atendimento médico. “Isto indica uma possível subestimação da infeção entre trabalhadores assintomáticos ou com sintomas leves”, enfatizam os investigadores responsáveis pelo estudo.
“A deteção da gripe aviária em vacas e a sua subsequente transmissão aos seres humanos representa um grande desafio para a saúde pública. Anteriormente, este vírus estava limitado, principalmente, às aves, mas a incidência noutros mamíferos apresenta riscos adicionais, uma vez que as explorações leiteiras e outras explorações pecuárias podem tornar-se novos reservatórios de infeção”, referem os cientistas responsáveis pelo estudo.
Deste modo, dada a evidência de transmissão para trabalhadores em contacto próximo com animais infetados, o CDC apela á implementação de medidas de controlo e prevenção mais rigorosas nestas instalações.
O CDC recomendou ainda melhorar a educação sobre os riscos associados ao trabalho com animais infetados, com o intuito de promover a utilização de equipamentos de proteção apropriados, especialmente durante surtos ativos. Da mesma forma, o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças também destacou a importância da vigilância ativa para detetar sintomas precoces ou leves, a fim de intervir em tempo útil e limitar o risco de complicações ou propagação.
A par disto, as autoridades sanitárias dos EUA sugeriram também a criação de programas de testagem e controlo nas explorações que registem uma deteção precoce da gripe aviária nos animais, assim como a implementação de medidas de quarentena quando necessário.
Os responsáveis pela análise sublinham também que o relatório tem algumas limitações, nomeadamente o facto de a amostra de trabalhadores ter sido voluntária, assim como não existiu um levantamento da história médica ou características demográficas dos trabalhadores, limitando a capacidade de avaliar completamente os riscos específicos de infeção. Além disso, os investigadores ressalvam também que o cumprimento das medidas de proteção individual variam conforme as condições de trabalho e do ambiente em que se inserem as explorações.