Investigadores criaram um sistema para gerar células sexuais clonais em plantas de tomate e usaram-nas para desenhar os genomas das descendências. A fertilização de um óvulo clonal de um progenitor por um esperma clonal de outro progenitor produziu plantas que contêm a informação genética completa de ambos os ‘pais’.
O sistema foi desenvolvido num estudo conduzido pelo Max Planck Institute for Plant Breeding Research, na Alemanha.
No sistema que o cientista Charles J. Underwood e a sua equipa desenvolveram, a meiose foi substituída pela mitose (uma simples divisão celular) no tomate. No chamado sistema MiMe (Mitose em vez de Meiose), a divisão celular imita uma mitose, evitando assim a recombinação e segregação genética, produzindo células sexuais que são clones exatos da planta progenitora.
O conceito do sistema tinha já sido estabelecido anteriormente por Raphael Mercier, diretor do Max Planck Institute for Plant Breeding Research, com a planta Arabidopsis e arroz.
No entanto, de acordo com os investigadores, pela primeira vez, os investigadores conseguiram utilizar células sexuais clonais para criar descendências através de um processo chamado “design de genoma poliplóide”.
Devido à estreita relação genética entre tomates e batatas, a equipa de cientistas acredita que o sistema utilizado neste estudo pode ser facilmente adaptado em batatas e, potencialmente, em outras espécies de culturas.
Os investigadores referem ainda que, tendo em vista o aumento da população e as alterações climáticas, o desenvolvimento de variedades com elevado rendimento, sustentáveis e estáveis “é crucial para garantir o abastecimento mundial de alimentos a longo prazo”. Portanto, “é fundamental cultivar plantas que apresentem maior resistência a doenças e tolerância a fatores de stress, desta forma, abordagens inovadoras no que toca a tecnologias de reprodução de plantas são essenciais”.