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Sustentabilidade

Estudo: Estratégia “do Prado ao Prato” vai reduzir produção agrícola europeia

A produção agrícola na UE vai sofrer uma redução significativa com a implementação total da estratégia “do Prado ao Prato”, revelou estudo.

A produção agrícola na União Europeia (UE) vai sofrer uma redução significativa com a implementação total da estratégia “do Prado ao Prato”, revelou um estudo da Universidade de Quiel (Alemanha), encomendada pela aliança Grain Club e outras instituições.

No entanto, a universidade relata, em comunicado, que o autor do estudo, Christian Henning, nota que isto poderia também levar a oportunidades de todos os lados. Por exemplo, a totalidade das medidas “do prado ao prato” vai reforçar os serviços dos ecossistemas, como a proteção do clima e da água, em todos os estados-membros da UE e, ao mesmo tempo, vai aumentar o rendimento gerado pela agricultura em até 35 mil milhões de euros por ano.

 

“Do ponto de vista dos consumidores, o Pacto Ecológico Europeu compensa desde que o benefício do aumento da proteção climática e da água e do aumento da biodiversidade seja superior ao custo de ajuste de 157 euros por ano [equivalente a 0,3% do rendimento per capita na UE]”, disse o autor.

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O estudo estima que os consumidores teriam de pagar até mais 10% do seu rendimento per capita para a plena aplicação dos objetivos, o que implica um potencial de procura para serviços de ecossistemas agrícolas de aproximadamente 320 mil milhões de euros ou 715 euros por ano. De acordo com o estudo, este potencial ainda não está totalmente concretizado na implementação atual da estratégia.

 

“A redução prevista das emissões de gases com efeito de estufa através de uma redução da produção agrícola europeia é completamente anulada por um aumento das emissões de gases com efeito de estufa fora da UE, bem como por alterações na utilização dos territórios na UE, “, acrescentou ainda o professor Christian Henning.

Outras medidas individuais baseadas em financiamento único para técnicas de produção específicas – como a “Agricultura Biológica” de acordo com as diretivas da UE – não são rentáveis, segundo o professor.

Outras conclusões:

  • A queda na produção varia em menos 20% para a carne bovina, menos 6,3% para o leite, menos 21,4% para os cereais e menos 20% para as sementes oleaginosas. O número de animais também sofreria um decréscimo: menos 45% para gado de alimentação e menos 13,3% para vacas leiteiras e gado jovem.
  • O preço da carne bovina (+58%), da carne de porco (+48%),  e do leite cru (+36%) seriam os que mais aumentariam.  Nas culturas, o aumento do preço iria variar entre mais 15% para frutas e vegetais (incluindo culturas permanentes e vinho), mais 18% para sementes oleaginosas e mais 12,5% para cereais.
  • Os aumentos de preços para países fora da UE seriam muito mais moderados do que dentro da UE: +7,4% para a carne bovina, +10,2% para a carne suína, +4% para leite cru, +1,5% para frutas e vegetais (incluindo culturas permanentes e vinho), +3,3% para sementes oleaginosas e +3,8% para cereais.
  • A aplicação de fertilizantes minerais, de pesticidas e de fertilizantes biológicos por hectare (ha) seria fortemente reduzida (-51%, -58% e -25%, respetivamente). Este declínio poderá ser parcialmente compensado pelo aumento dos esforços em outras áreas, como controle mecânico de ervas daninhas e cultivo do solo, mas levaria a um aumento nos custos de mais 50% nessas áreas.