O germoplasma português de feijão pode ter a resposta para o fungo Fusarium oxysporum, que provoca a fusariose, segundo um estudo publicado na revista Phytopathology APS pelo laboratório PlantX. A fusariose é uma doença que afeta a produção de feijão Phaseolus vulgaris L., a leguminosa de maior consumo humano mundial e o fungo infecta as raízes das plantas, provocando o apodrecimento do caule e a perda prematura das folhas.
Segundo o artigo, Portugal tem um germoplasma de feijão “promissor”, que resulta do cruzamento de variedades com origem na América do Sul e na América Central e da seleção feita pelos agricultores desde que esta cultura foi introduzida no país, no século XVI. Este germoplasma destaca-se devido a caraterísticas como a qualidade nutricional, a resistência à seca e a doenças, contudo, o escasso conhecimento deste recurso tem dificultado a sua utilização em programas de melhoramento genético.
Agora, uma coleção de centenas de variedades tradicionais de feijão português foi investigada para identificar regiões do genoma associadas à resistência à fusariose e o estudo identificou importantes marcadores moleculares que poderão vir a ser utilizados para selecionar novas variedades de feijão resistentes a esta doença.
Mais de metade das amostras analisadas eram total ou parcialmente resistentes à fusariose. A resistência é controlada por vários genes e foram identificadas várias regiões do genoma do feijão associadas a esta caraterística localizadas ao longo de quatro cromossomas diferentes.
Os resultados do estudo vão ser aplicados num novo programa de melhoramento genético do feijão, com o objetivo de desenvolver variedades mais resistentes, respondendo às preocupações dos agricultores e consumidores por uma agricultura mais sustentável com menos fungicidas.
O trabalho publicado resulta de uma colaboração do ITQB NOVA com o Instituto de Agricultura Sostenible – Consejo Superior de Investigaciones Científicas (IAS – CSIC, Espanha), o U.S. Department of Agriculture – Agricultural Research Service (USDA-ARS, EUA) e a Wageningen University & Research (WUR, Holanda).