A Federação Nacional de Regantes de Portugal (FENAREG) alertou para o facto de Portugal conseguir “armazenar apenas 20% das afluências médias anuais dos rios nas bacias hidrográficas (barragens) e que cerca de metade da água usada na agricultura provém de fontes subterrâneas”. O alerta surgiu no âmbito do ciclo de conferências “Mesas redondas à volta da Terra” promovido pelo GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, onde foi debatido o tema “Barragens: que futuro?”.
O presidente da FENAREG, José Núncio, considerou que “é um erro usar recursos subterrâneos quando há recursos superficiais (água dos rios) disponíveis. As barragens são fundamentais para diminuir a pressão sobre as águas subterrâneas”.
O responsável considera que casos como o da Albufeira do Monte da Rocha (no Sado), atualmente a 33% da sua capacidade, são uma preocupação. “É urgente ligar o Monte da Rocha ao Alqueva para que a área agrícola do Alto Sado possa ser regada”, apelou José Núncio.
O presidente da FENAREG explicou que a futura Barragem da Foupana e a ligação do Pomarão ao Guadiana vão possibilitar, de acordo com previsões, “uma redução da pressão sobre as águas subterrâneas dos atuais 41% para 25%”.

No Tejo está identificada a barragem de Alvito/Ocreza para resolução dos problemas de regularização hídrica dos caudais nesta bacia hidrográfica. “No período de Verão, o caudal de água libertado por Espanha no Tejo é insuficiente para as necessidades dos regantes e de outros utilizadores, além de constituir uma ameaça ao equilíbrio dos ecossistemas ribeirinhos”, explicam os regantes portugueses.
Aposta na eficiência do uso de recursos hídricos
A FENAREG revelou que, no âmbito dos recursos hídricos, “entre 2002 e 2016, o volume de água necessário para regar as terras agrícolas passou de 6551 hm3 para 3432 hm3, ou seja, menos 48%”. Para a redução contribuíram a melhoria das tecnologias e dos sistemas de rega, “com a rega gota-a-gota a representar mais de metade da área regada em Portugal” e “com uma eficiência média de 83% no regadio”.
“Os agricultores têm feito o seu trabalho em termos de eficiência hídrica, mas à custa de um maior consumo de energia. Se o uso da água baixou para 1/4, o consumo de energia multiplicou por nove”, explicou José Núncio. O responsável defende o investimento em energias limpas para bombagem da água nas redes de distribuição secundária (canais, condutas) e terciária (parcela agrícola).