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Agricultura

Associações apelam à implementação de uma estratégia nacional para as leguminosas

Associações apela à implementação de uma estratégia nacional para o consumo de leguminosas iStock

As organizações ProVeg Portugal, DECO e ZERO apelaram à “necessidade urgente” de implementar uma Estratégia Nacional para o Consumo de Proteína Vegetal em Portugal, assim como frisaram a importância do consumo de leguminosas e o seu papel na agricultura sustentável.

No Dia Mundial das Leguminosas, que se comemora hoje, dia 10 de fevereiro, as organizações sublinham a importância de alimentos como o feijão, fava, ervilha, tremoço e grão-de-bico, e enfatizam que, embora a produção e o consumo de leguminosas no país enfrentem desafios estruturais, também representam “uma oportunidade estratégica para garantir um futuro alimentar mais sustentável, diversificado e saudável”.

 

Segundo Pedro Horta, especialista em agricultura da ZERO, “a produção de leguminosas deve ser considerada uma prioridade nacional, não apenas pela sua contribuição para a segurança alimentar, mas também pelos benefícios ambientais que oferecem ao solo e à biodiversidade”.

Já Joana Oliveira, da direção da ProVeg Portugal, destaca que “o Governo português deve incentivar o consumo de leguminosas, não só pelo seu valor nutricional e pela sua estreita ligação à cultura gastronómica nacional, mas também pelo seu papel crucial na construção de sistemas alimentares mais resilientes”.

 

E continua: “representam uma oportunidade económica devido à sua versatilidade para desenvolvimento de produtos inovadores e ao seu baixo custo de produção, contribuindo para a sustentabilidade ambiental e económica da alimentação. O investimento na tecnologia e na formação agrícola, bem como o aumento da oferta portuguesa de produtos inovadores derivados de leguminosas, é fundamental para fortalecer a cadeia de valor destes alimentos e impulsionar a economia local, permitindo que os produtores concorram com o mercado externo”.

Ana Tapadinhas, Diretora-Geral da DECO, refere ainda que, “para que os consumidores possam fazer escolhas alimentares mais saudáveis, sustentáveis e acessíveis é fundamental que existam condições que tornem esse acesso uma realidade. Cabe às políticas públicas assegurar que estas opções estejam ao alcance de todos, promovendo informação clara, incentivos adequados e um mercado que responda às necessidades dos consumidores”.

 

De acordo com o Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), a alimentação inadequada em Portugal é um dos principais fatores responsáveis pela redução dos anos de vida saudável e pelo aumento da mortalidade.

As três organizações enfatizam ainda que o cultivo de leguminosas tem também um impacto positivo na sustentabilidade agrícola. Graças à sua capacidade de fixação biológica de azoto, estas plantas reduzem a necessidade de fertilizantes sintéticos, ajudando a mitigar a poluição e as emissões de gases com efeito de estufa (GGE).

 

A comunicação conjunta refere ainda que vários estudos já indicaram que a introdução de leguminosas na rotação de culturas pode reduzir perdas de azoto no solo, promovendo uma agricultura mais sustentável e eficiente. A par disto, as leguminosas apresentam também uma pegada de carbono reduzida, tornando-se assim um elemento essencial para sistemas alimentares sustentáveis.

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“A inclusão de leguminosas em rotação ou consociação pode ter benefícios diversificados: no aumento da diversidade e produtividade das áreas de cultivo, na mitigação das alterações climáticas – por via da redução do uso de fertilizantes azotados e emissões de óxidos de azoto – e até para o fomento e manutenção da biodiversidade”, afirmou Pedro Horta, especialista em agricultura da ZERO.

E continua: “contribui também para uma melhor assimilação dos nutrientes pelas plantas, reduzindo a lixiviação e consequente poluição das massas de água, e previne a erosão e compactação do solo, promovendo maior diversificação, produtividade e rendimento agrícola”.

De acordo com a nota de imprensa, nos últimos anos, a produção nacional de leguminosas “caiu drasticamente”, levando a “uma forte dependência de importações”. Dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) indicam que a taxa de autosuficiência de leguminosas secas em Portugal é de apenas 14%, ou seja, “está longe de produzir a quantidade de leguminosas que consome”.

O que está a ser feito?
Segundo explica a nota de imprensa, em Portugal, o Plano Nacional de Energia e Clima (PNEC 2030) inclui uma linha de ação para promover dietas de baixo carbono, nomeadamente de leguminosas, assim como capacitar e reforçar a oferta de refeições de base vegetal nas cantinas públicas e dinamizar campanhas de divulgação acerca dos benefícios do consumo das proteínas vegetais.

A comunicação avança que a medida foi considerada “um avanço importante”, embora desafios como falta de financiamento, prazos longos e falta de métricas de impacto ainda persistam.

Já a nível europeu, a “Estratégia Europeia para as Proteínas” recomenda investimento na produção de proteínas vegetais e um relatório recente, dirigido à Comissão Europeia (CE) e financiado pela mesma, recomendou que se desenvolva, até 2026, um Plano de Ação para Alimentos de Base Vegetal. Em janeiro, mais de 130 organizações apelaram à CE a criação de um plano de ação para alimentos de base vegetal.

De salientar que a Dinamarca tornou-se o primeiro país europeu a lançar um plano de ação nacional pelos alimentos de origem vegetal.

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