Portugal é, segundo a FAO, o único país da Europa com perda líquida de área florestal. Numa nota enviada às redações, a Acréscimo – Associação de Promoção ao Investimento Florestal diz que “o relatório da FAO revela a nível internacional a situação já conhecida através do último Inventário Florestal Nacional” e que apesar de não ser novidade, “nada de concreto” foi feito “em termos de mudança política”.
“Associada na maior parte à perda de área de pinhal bravo, resultante sobretudo da fácil propagação dos incêndios e da incontrolada proliferação de pragas e doenças, a desflorestação em Portugal decorre de um inadequado modelo de gestão florestal, o abandono, o qual tem na base um declínio acentuado no rendimento da silvicultura”, defende a associação.
A Acréscimo diz também que tem vindo a alertar para o facto “de ser impossível assegurar a sustentabilidade de floresta privada sem rendimento” e questiona-se se “poderá o país continuar a derramar subsídios sobre as florestas, a demonstrar até a mais nobre das preocupações sobre as catástrofes estivais que sacrificam arvoredo, animais e as populações rurais, em muitos casos involuntariamente estimulados pelos próprios subsídios.”
Para a organização, o modelo de gestão que vigora em grande parte das áreas florestais nacionais “não é o adequado”, mas “o essencial do problema não tem sido posto em causa: os mercados e o seu funcionamento.”
“Não vale a pena continuarmos a enganar-nos com PDR2020 e outros financiamentos públicos. Nunca antes, como no período 1990-2015, as florestas nacionais usufruíram de tanto apoio dos contribuintes, também nunca ardeu tanto como neste período. Mas não é só arvoredo que o país perde. O valor económico das florestas decresceu a pique, mas com ele contraiu ainda mais o emprego no setor, para não argumentar com o impacte ambiental resultante destas perdas.”
Mais, a Acréscimo pergunta se “será sustentável a atual situação das florestas e do setor florestal em Portugal?”.“A mudança, se o país a quiser verdadeiramente operar, não pode excluir, como até aqui, uma intervenção oficial nos mercados (e não é através de plataformas de acompanhamento). Não será o único tópico a ter em consideração, mas é o de base num país em que mais de 90% das áreas florestais estão na posse de entidades não públicas, essencialmente famílias, empresas familiares e comunidades rurais.
A associação termina referindo que vai pedir aos partidos políticos que adequem “a visão para as florestas portuguesas à sua realidade no meio rural nacional e às mais valias que a mesma pode e deve aportar às gerações futuras.”