Os agricultores apelaram aos governantes e responsáveis pelo grupo de trabalho “Água que Une” para que sejam tomadas “medidas concretas, seja elaborado um calendário de obra/investimentos e orçamento para o mesmo”.
O apelo foi feito no passado dia 24 de outubro, durante a conferência “Alterações Climáticas: Que desafios se nos coloca nas próximas décadas?”, organizada pelo Centro Nacional de Competências para as Alterações Climáticas do Setor Agroflorestal (CNCACSA), que decorreu na Sociedade de Geografia de Lisboa.
De acordo com Gonçalo Santos Andrade, vice-presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), têm “defendido sempre uma rede nacional da água. Embora seja importante fazer estudo, planos e projetos, já estamos há muito tempo nesta fase. Precisamos de obras de modernização ao nível de reservas de água e novas obras. Precisamos de mais reservas de água”.
O ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, também marcou presença no evento onde reiterou o seu apoio ao setor agroflorestal, mostrando-se disponível para resolver alguns dos entraves ao desenvolvimento desta atividade.
Além disso, relembrou que, até ao final do ano, o grupo de trabalho “Água que Une” apresentará o seu relatório que será uma base de trabalho para o seu Ministério, afirmando que se trata “de um plano multissetorial que visa assegurar a disponibilidade de água para todos os usos essenciais e promover a sustentabilidade ambiental e social”.

José Manuel Fernandes afirmou ainda que “em janeiro será feito um cronograma para estes investimentos” que serão financiados por programas no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC), mas também pelo Banco Europeu de Investimento e outros instrumentos financeiros.
E continuou: o plano “vai viabilizar novos investimentos e proteger infraestruturas que já existem”, sem descurar a dimensão ambiental porque “queremos que sejam assegurados os caudais ecológicos dos rios”.
O governante indicou ainda ser “defensor da investigação, das novas técnicas genómicas, por exemplo, e do uso de drones para aplicação de fitofármacos e não se compreende a falta de legislação europeia neste sentido”.
Já Jorge Neves, presidente da Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo (ANPROMIS), uma das entidades que preside ao CNCACSA, destacou o impacto que os Centros de Competência têm no setor agrícola nacional, ao promoverem a colaboração entre instituições de investigação e ensino, autarquias e os agricultores.
O evento, que reuniu mais de 300 participantes, contou com a presença de especialistas e representantes de diversos setores que abordaram as questões críticas da adaptação climática, os desafios económicos e o futuro da gestão de recursos hídricos.