Um estudo realizado pela AGRO.GES aponta que o Pacto Ecológico Europeu (Green Deal) pode levar a perdas de 300 milhões de euros por ano no Rendimento Agrícola em Portugal, o equivalente a 7% da totalidade da receita agrícola. Este estudo, solicitado pela ANIPLA – Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas, analisa o “Impacto Económico da Redução de Aplicação de Produtos Fitofarmacêuticos na Produção Vegetal em Portugal”, face à proposta de redução em 50% do seu uso até 2030, inserida no Green Deal. Nomeadamente, o estudo analisa o impacto em cinco fileiras: vinha para vinho, o olival para azeite, a pêra rocha, o milho-grão e o tomate para indústria.
Entre outras das conclusões do estudo estão a possível perda de 200 milhões de euros em exportações, a perda da viabilidade económica do milho-grão e do tomate para indústria, o abandono das terras e mais de 900 postos de trabalho agrícola em risco, assim como o aumento da dependência do exterior e da insegurança alimentar.
Conclusões em detalhe
O valor estimado para a perda de margem bruta (MB) é de cerca de 257 milhões de euros anuais, e considerando apenas a receita perdida nestas cinco fileiras, as estimativas apontam para uma perda anual de cerca de 332 milhões de euros. Estes valores representam perdas de 9% do Valor Acrescentado Bruto (VAB) anual da agricultura e 7% do Rendimento anual total gerado pela produção vegetal no mesmo ano, respetivamente.
O impacto económico de perda de 257 milhões de euros em MB resulta do somatório das três fileiras que se mantêm em produção, vinha, olival e pera, e, adicionalmente da totalidade da margem bruta atualmente gerada pelas duas fileiras “que deixam de ser viáveis, e por isso deixam de existir”.
O estudo afirma que “no caso da vinha para produção de vinho, as perdas ocorrem não pela perda de produtividade”, mas “sim pelo elevadíssimo aumento de custos”.
Quanto ao olival o efeito é manifestamente diferente entre os olivais modernos e os tradicionais. No caso dos últimos o impacto é nulo (ou reduzido). Já no caso dos olivais modernos o impacto é “muito substancial, tanto pela via do aumento dos custos de operação como pela redução da quantidade e valor da produção”.

Comentário da ANIPLA
Para além do impacto nestas culturas, “note-se que as culturas analisadas no estudo representam apenas 1/3 da produção vegetal em Portugal, pelo que o impacto poderá ser muito maior”, referiu o diretor executivo da ANIPLA, António Lopes Dias, na apresentação oficial do estudo.
“Aquilo que nos preocupa é o verdadeiro paradoxo entre a realidade do setor e as metas definidas pela Comissão Europeia, assim como a ausência de base científica para a proposta de reduzir em 50% o uso destas substâncias. Como é que chegamos a esta percentagem?”, acrescenta.
“A indústria aceita, compreende e abraça os propósitos da estratégia, queremos é ter certezas, métodos viáveis e estratégias adaptadas a cada estado-membro, numa conversa aberta, em que todas as metas e decisões sejam estabelecidas com base num fator fundamental, a ciência”, conclui o responsável.
O estudo teve como objetivo avaliar quais serão as repercussões económicas da retirada de um conjunto de mais de 80 substâncias ativas (s.a.) consideradas em risco de perder a autorização de utilização na Europa em cinco fileiras agrícola nacionais, considerando o território continental. Estas cinco fileiras são a vinha para vinho, o olival para azeite, a pêra rocha, o milho-grão e o tomate para indústria.
Pode ler o sumário executivo do relatório aqui.