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Agricultura

Organização europeia de defesa dos agricultores alerta para riscos de fraude no setor do azeite

Organização europeia de defesa dos agricultores alerta para riscos de fraude no setor do azeite iStock

“É imperativo agir rapidamente para preservar a integridade e a qualidade deste produto icónico, garantindo o seu futuro num mercado global cada vez mais competitivo”, são as palavras de Fernando do Rosário, presidente do grupo de trabalho dedicado ao setor do azeite da COPA-COGECA, organização que representa os interesses das cooperativas e produtores agrícolas europeus.

A declaração foi feita face ao aumento dos preços do azeite que se tem registado a nível europeu e que tem gerado alarme devido aos riscos de fraude no mercado.

 

A UE é o maior produtor mundial de azeite, com cerca de 65% da produção. No entanto, a COPA-COGECA sublinha que “devido às condições climatéricas adversas, as recentes colheitas têm sido más”.

Em 2022/2023, a produção de azeite na Europa diminuiu cerca de 40% em relação aos anos anteriores e, neste período, caiu 25% em relação à média dos últimos cinco anos: esta tendência reflete-se a nível global, com um declínio na produção de azeite em muitas regiões, alerta a organização pela voz Fernando do Rosário, membro integrante da CONFAGRI.

 

A COPA-COGECA afirma ainda que “os preços do azeite dispararam em todo o mundo, com aumentos que variam de 100% a 175% para o azeite virgem extra, dependendo do mercado”.

“A fraude no setor do azeite não é uma ameaça nova: o azeite é um produto de alto valor e persiste a tentação de atores sem escrúpulos em maximizar os lucros às custas dos consumidores e da qualidade do produto. Quando os consumidores desconhecem as diferenças entre os diferentes tipos de azeite, as práticas fraudulentas tornam-se mais difundidas”, enfatiza a organização.

 

Neste sentido, a COPA-COGECA diz ser “essencial endurecer as respostas administrativas e as sanções criminais para os quem comete fraude, ao mesmo tempo, em que se investe na educação do consumidor, pois consumidores educados vão ser sempre capazes de tomar decisões informadas e evitar produtos inferiores”.

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Fernando do Rosário refere ainda ser necessário reformular os atuais padrões de comercialização da UE, nomeadamente a possibilidade de proibir a venda de misturas de azeites em países onde, na sua produção, não é permitida. Atualmente, as regras da UE permitem a mistura legal de azeites com outros óleos vegetais e os estados-membros podem optar por proibir essas misturas.

 

“No entanto, existe uma lacuna: se o azeite de um estado-membro que proíbe misturas for exportado para outro país da EU, onde a mistura é permitida, o azeite misturado pode ser reimportado e vendido no Estado de origem. Embora isto seja tecnicamente legal, prejudica a intenção da proibição original, pois permite que a mistura saia pela porta da frente e entre novamente pela porta de trás”, explica o responsável pelo setor do azeite na organização.

No que toca à rastreabilidade, Fernando do Rosário apela a que as organizações de consumidores e as instituições europeias trabalhem em conjunto para melhorar a rastreabilidade e a proteção do consumidor, com especial atenção às misturas e embalagens.

“Precisamos de salvaguardas mais fortes para garantir que o azeite continua a ser um produto superior em que os consumidores possam confiar”, enfatiza o responsável.

E continua: “além disso, não podemos ignorar a concorrência dos países vizinhos da bacia do Mediterrâneo, como o norte da África e o Médio Oriente. Embora essas regiões enfrentem desafios climáticos semelhantes, os seus custos de produção são muito mais baixos do que os da Europa”.

Para Fernando do Rosário, o azeite é “um dos pilares da dieta mediterrânea”, considerado um produto alimentar completo e equilibrado com benefícios comprovados para a saúde e considerado património imaterial da humanidade pela UNESCO e, por isso, sublinha ser essencial dar prioridade à proteção do azeite.