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Agroindústria

Tomate de indústria em risco com retirada de substâncias fitossanitárias, alertam produtores

Tomate de indústria em risco com retirada de substâncias fitossanitárias, alertam produtores iStock

Foi nas Jornadas de Tomate Indústria Syngenta que os produtores e industriais do setor alertaram para a possibilidade de a viabilidade desta cultura vir a estar em risco devido à retirada de substâncias ativas para controlo fitossanitário em função do contexto regulatório.

No evento, que decorreu no passado dia 19 de fevereiro, os especialistas defenderam a necessidade de novas autorizações de produtos fitofarmacêuticos, através de figuras como o reconhecimento mútuo e as autorizações excecionais de emergência.

 

“Não existe na agroindústria portuguesa outra atividade com um tão grande impacto económico positivo como o tomate indústria, que exporta 90% do que produz. Precisamos de encontrar soluções em conjunto e antecipadamente para conseguir dar resposta aos desafios dos produtores, que também nos afetam enquanto indústria”, afirmou Sónia Neves da Silva, presidente da AIT- Associação dos Industriais de Tomate, durante o evento.

Neste este contexto, foi criado um grupo de trabalho, constituído pela Croplife Portugal, a AIT, a DGAV e o COTHN, que está a estudar soluções para os agricultores, antecipando a saída do mercado de substâncias ativas importantes para proteção da cultura.

 

Segundo o comunicado de imprensa da Syngenta, a cultura do tomate indústria enfrenta constrangimentos como “a escassez hídrica e as alterações climáticas e é afetada por pragas, doenças e infestantes que reduzem a produtividade”.

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Mesa redonda Jornadas Tomate Industria Syngenta

 

A traça-do-tomateiro, a mosca-branca e o ácaro-do-bronzeamento são algumas das pragas com impacto negativo na cultura, explica a empresa. Nas doenças destacam-se a alternariose, o míldio, e a perda de plantas por fusarium. A figueira-do-inferno, a erva-moira, a junça, o rabo-de-raposa e a corriola são as infestantes que mais dificultam a produção.

Também o agricultor Marco Gaga Nunes alertou que, perante os atuais preços do tomate, e face à maior dificuldade em atingir produtividades elevadas, devido à saída de substâncias ativas do mercado, “as empresas agrícolas estão no limiar da rentabilidade. Se a produtividade da cultura for abaixo das 80 toneladas por hectare muitas empresas agrícolas ficarão numa situação delicada do ponto de vista financeiro”.

 

Este ano, a produção mundial de concentrado de tomate é estimada em 40,5 milhões de toneladas, uma descida de 11,5% face à anterior campanha recorde. A nota de imprensa dá ainda conta de que Portugal deverá produzir 1,4 milhões de toneladas, ou seja, menos 6,7% do que em 2024, segundo estimativas recentes do WPTC-World Processing Tomato Council.

No ano passado, Portugal produziu 1.640,781 toneladas de tomate para indústria, em 17.700 hectares, de acordo com os dados do IFAP.