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ANIL e FENALAC acusam Continente de vender abaixo do preço de produção

ANIL e FENALAC acusam Continente de vender abaixo do preço de produção

As associações ANIL e FENALAC acusam o Continente de estar a promover a “falência da produção nacional” de leite. Em causa está uma ação de promoção daquela cadeia, que lançou no início do ano diversos produtos de primeira necessidade, maioritariamente importados, com um preço de venda ao público bastante baixo, sendo nalguns casos, como do leite, o preço do produto abaixo do custo de produção (dumping).

De acordo com o comunicado conjunto daquelas associações, o Continente está a “vender produtos de primeira necessidade, de marca própria, com preços baixos e com um desconto acumulável em cartão de -75% (50% disponível na segunda quinzena de janeiro e 25% da primeira quinzena de fevereiro). Nesse pacote de bens de primeira necessidade encontram-se diversos produtos lácteos, como queijos, iogurtes e também o leite, neste caso em embalagens de 1,5 litros comercializados a 0,78 euros, sobre o qual recai o desconto de -75%, resultando um preço final de 0,13 euros por litro) ”.

“Sendo a matéria-prima de origem não nacional (mais concretamente espanhola) e tendo em conta que o preço médio do leite ao produtor praticado em Portugal e Espanha ronda os 0,33 euros por litro (2,5 vezes superior ao preço de comercialização do referido leite da marca Continente) é incompreensível como tais práticas sejam livremente permitidas no nosso país”, acrescentam.

 

Assim, a associação que representa o setor de laticínios, considera que o “comportamento” daquela cadeia de distribuição “merece a nossa firme censura”, uma vez que “representa um duro golpe na cadeia de valor nacional ao tornar manifestamente impraticável concorrer com referências comercializadas a valores inferiores a metade do custo de aquisição da matéria-prima pelos operadores industriais”.

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“Relembrámos que os produtores de leite portugueses, apesar de atravessarem uma situação muito difícil devido ao aumento brutal dos custos de produção, são capazes de abastecer na totalidade o mercado nacional. Nesse cenário, fica evidente que o único objetivo das importações de leite é a destruição de valor e das marcas comerciais nacionais e, em última análise, o aumento dos lucros da distribuição, nem que para tal milhares de produtores de leite e as suas famílias declarem falência”, acrescenta em comunicado.

 

Devido à relevância económica do setor do leite, que “emprega cerca de 100 mil pessoas e gera 2 mil milhões de euros em volume de negócios (1,3% do PIB)”, a ANIL e a FENALAC irão “denunciar esta prática junto das autoridades e instituições relevantes (Presidência da República, Primeiro Ministro, Governo, Grupos Parlamentares, Autoridade da Concorrência e ASAE) e promover a informação e a sensibilização do consumidor para os perigos de tais práticas, ao nível do emprego e da atividade económica em Portugal”, anunciam a ANIL e FENALAC.