Ao contrário do que ocorreu com a “campanha do trigo”, o governo não dá garantias de assistência técnica a produtores, nem assegura condições mínimas de mercado, onde se evidenciam situações de concorrência imperfeita. Sem estas garantias mínimas, a rentabilidade do negócio silvícola continua comprometido, o que inviabilizará a gestão de muitos dos povoamentos florestais (em ciclos que duram décadas), com as consequências económicas, sociais e ambientais dai decorrentes.
Povoamentos florestais sem garantia financeira para a sua gestão/administração, são fortes candidatos para a ocorrência de incêndios florestais.
Os impactos dos incêndios em Portugal são brutais:
-Estimativa de 1.000 milhões de Euros de encargo anual para a economia nacional;
-Cerca 24 milhões de toneladas de CO2 eq. emitidos para a atmosfera na última década;
-A 1.ª posição percentual no ranking dos países do sul da Europa na última década.
Os argumentos apresentados para a justificação do diploma são absolutamente falíveis. Simplificação não pode ser sinónimo de simplicismo; acompanhamento administrativo sempre deveria ter havido, não houve, nem há garantias de que passará a haver; atribuições e competências estão definidas na Lei de Bases, publicada em 1996, não com o atual diploma.
A Acréscimo mantém e manterá, as críticas apresentadas desde o início deste processo, enquanto imperar o simplicismo, a falta de visão estratégica, a aposta financeira ao invés da económica e a incompetência política de que é exemplo o diploma hoje aprovado. Assim procederá quanto mais não seja por imperativo cívico, já que os riscos para os contribuintes em particular e para os cidadãos em geral têm forte probabilidade de se agravarem.