Há uma produtora de azeite a apostar em olival em sebe em Trás-os-Montes com sucesso. A agricultora Cátia Afonso, que detém a empresa Olivadouro desde 2011, investiu no olival em sebe (superintensivo), no Vale da Vilariça, concelho de Vila Flor, em plena Região Demarcada do Douro Superior.
A exploração conta, na sua totalidade, com 80 hectares, sendo 54 só de olival, de acordo com o comunicado de imprensa da AJAP.
“Queríamos (e conseguimos) produzir azeite de forma eficaz com tecnologia, maquinaria e inovação”, explicou Cátia Afonso, garantindo que, até ao momento, “a campanha está a correr muito bem e dentro das quantidades esperadas”. Apesar disso, a responsável da Olivadouro, associada da Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), não antecipa valores, tendo em conta que “ainda estamos a meio da campanha”.
A empresa vende a granel, maioritariamente na região Norte do País e exporta para a Suíça e os Estados Unidos, em concreto para a região da Flórida, tendo, nos últimos cinco anos, conquistado oito medalhas internacionais, atribuídas no Japão, Dubai, Los Angeles, Nova Iorque e Berlim através da marca OLIV8.
Além do olival, a Olivadouro aposta também nos frutos secos, nomeadamente no pistácio. Cátia Afonso explica que, “em 2017, investimos em 29 hectares de pistácio em modo de produção biológico. Falamos de uma árvore de crescimento lento, já fizemos colheita manual, mas ainda não fizemos mecanizada, visto a área ser muito vasta e demorar muitos anos a crescer”.
Para Firmino Cordeiro, Diretor-Geral da AJAP, os dois modelos (em sebe e tradicional) “são fundamentais para o país”.
E continua: “se por um lado, o aumento de área que se tem verificado, nomeadamente no sul, em instalação de olival em sebe permitiu ao país não só torná-lo autossuficiente como ser um exportador de azeite, por outro lado, não é menos verdade que a valorização do azeite produzido pelos olivais tradicionais com variedades portuguesas em quase todas as regiões e uma boa parte já em modo de produção biológica, jamais pode ser abandonado pelos produtores e desprezado pela classe política”.
Para o responsável da AJAP, “no olival em sebe a produtividade pode atingir, em média, as 16 toneladas/hectare, enquanto no olival tradicional, a grande maioria em sequeiro, dificilmente ultrapassará, em média, as 2,5 a 3 toneladas/hectare, sendo que os custos são muito equivalentes em ambos os casos. Obviamente que apesar de a azeitona ou do azeite poderem ser mais valorizados no caso do tradicional, jamais a diferença pode equilibrar o diferencial de rentabilidade”.