O responsável mostrou-se preocupado com os “operadores que trabalham grandes volumes de preço baixo no mercado interno”, por serem aqueles que estão “em situação mais complicada”. “Se olharmos para o estatuto social”, clarificou, “as adegas cooperativas estão nesse patamar. Vamos assistir a anúncios de insolvências de adegas cooperativas”, declarou àquele jornal.
Nos últimos “dois ou três anos” a queda no consumo em Portugal “deve estar para aí nuns 25%”, com um consumo de vinho per/capita atual em cerca de 24 litros. “Já foi quase de 60 litros”, disse Jorge Monteiro.
O responsável apontou para um possível “realinhamento de preços” na restauração, devido ao aumento do IVA. “Pode levar a uma revisão de política de preços, na restauração. Há uns restaurantes, poucos, que estão na gama média e média-alta, que já começam a ter uma política de preços nos vinhos diferente”. Como é exemplo o consumo de vinho a copo: “por um lado é um consumo moderado e responsável, e ao mesmo tempo as pessoas podem beber o vinho que querem, na medida que querem – não ser a ditadura da garrafa”. Esta opção proporciona ao consumidor um preço final mais razoável, “e isto é mais gerador de margem”, acrescentou Jorge Monteiro.
Por outro lado, o consumo de vinho a copo poderá “corrigir alguns efeitos sentidos no preço por via do IVA na restauração”.
O presidente da ViniPortugal revelou estar apreensivo com o mercado brasileiro: “obriga-nos a refletir se devemos investir um milhão de euros num mercado que cria subitamente barreiras fiscais ou não fiscais à entrada dos vinhos”. Para Jorge Monteiro, esta situação “não faz sentido”. “Se a ameaça do Brasil é o crescimento súbito e significativo das importações, então, não há que isentar o Mercosul, nem o Chile, porque é daí que vem o grosso das importações”.

