O défice da balança comercial dos produtos agrícolas e agroalimentares agravou-se mais de 11% em 2021 (+ 401,6 milhões de euros), atingindo os 3 845,9 milhões de euros. Os dados são da edição de 2021 das “Estatísticas Agrícolas”, divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Em comunicado, o INE nota que o agravamento se deve principalmente à evolução dos cereais (aumento do défice em 154,6 milhões de euros). No ano agrícola 2020/2021, a produção de cereais de Outono/Inverno foi de 189,2 mil toneladas, uma das mais baixas dos últimos 35 anos, reflexo de uma redução quase generalizada em todas as espécies. Já a produção de cereais de Primavera/Verão aumentou 10,3% no milho e 32,5% no arroz.
A diminuição na produção (-8,1%) e nas exportações (-4,5%) e a manutenção nas importações, agravaram o grau de autoaprovisionamento dos cereais (exceto arroz), que em 2021 foi 19,4%.
Do outro lado da moeda, a maçã alcançou a segunda colheita mais produtiva dos últimos 35 anos (com 368,2 mil toneladas) e a produção de kiwi ultrapassou pela primeira vez as 55 mil toneladas. Aliado a isso, a campanha da cereja foi a mais produtiva dos últimos 49 anos.

A entrada em produção de novos amendoais intensivos contribuiu para um aumento de produção de 31,1%, atingindo as 41,5 mil toneladas de amêndoa.
Bateram-se ainda recordes no azeite, com um máximo histórico de 2,29 milhões de hectolitros. Já no vinho, a sua produção aumentou 14,7%, alcançando os 7,2 milhões de hectolitros, volume superior à média dos últimos cinco anos (6,4 milhões de hectolitros).
O INE informa ainda que o índice de preços de produção dos bens agrícolas aumentou 5,6% e índice de preços dos bens e serviços de consumo corrente na agricultura teve um crescimento de 14,2%. Finalmente, o índice de preços dos bens e serviços de investimento da atividade agrícola cresceu 3,2%.
Em Portugal, o número de incêndios rurais em 2021 foi 8 230, menos 15,0% de ocorrências face a 2020 e a área ardida foi 28,47 mil hectares, a segunda mais baixa da última década.