De acordo com o Boletim Mensal da Agricultura e Pescas, do Instituto Nacional de Estatística (INE), as previsões agrícolas, a 31 de julho, apontam para um ano agrícola de alguma normalidade hidrológica, após dois anos marcados pela seca meteorológica severa.
O relatório também avança que a colheita dos cereais de outono/inverno está já concluída, tendo-se registado “aumentos generalizados de produtividade”, em resultado de condições meteorológicas favoráveis registadas ao longo do ciclo vegetativo.
“No entanto, o preço dos cereais está aquém do esperado, o que, associado a um incremento dos custos dos fatores de produção, reduz a margem líquida destas culturas”, explica o INE.
Segundo o boletim, a abundante produção de matéria verde para pastoreio permitiu que a alimentação dos efetivos fosse realizada sem necessidade de suplementação antecipada, “o que equilibrou o setor agropecuário, principalmente o extensivo, diminuindo a procura de fenos, silagens e palhas, com reflexo na descida dos preços, face a 2023”.
O INE refere ainda que a instalação das culturas de primavera/verão decorreu com normalidade, com a campanha de regadio garantida nos principais perímetros de rega.
No entanto, no que toca à área de milho para grão de regadio, o serviço nacional de estatísticas indica que “deverá ser inferior à semeada em 2023”, com uma descida de 15%, “resultado da tendência de descida do preço observada nos dois últimos anos que, aliada aos elevados encargos com produtos fitofarmacêuticos, sementes e máquinas e aos prejuízos causados pelos javalis, desincentivou a instalação da cultura”.
O serviço nacional de estatísticas indica ainda que os arrozais “germinaram regularmente”, apresentando um normal desenvolvimento vegetativo, devendo a produtividade ser semelhante à de 2023.
Já as culturas de primavera/verão apresentam “um desenvolvimento regular”, embora seja antecipado pelo relatório “uma produtividade do tomate para a indústria inferior à de 2023”, prevendo uma diminuição de 5% devido às elevadas temperaturas terem condicionado o vingamento dos frutos nas plantações mais tardias.
Relativamente às culturas de batata, o INE avança vir a registar-se “uma baixa produtividade”, resultado do frio e da humidade, aliada a uma redução da área para os 12 mil hectares, o menor valor da série histórica, “faz antever um mau ano de produção”.
O boletim esclarece também que as produtividades dos pomares de macieiras e pereiras da região do Oeste, embora superiores às da campanha passada, deverão ser “consideravelmente inferiores aos níveis de produtividade potenciais”.
“As produtividades da pera e da maçã são consideravelmente inferiores ao normal para a região, pelo terceiro e segundo ano consecutivos, respetivamente”, explica a análise.
Em contrapartida, no Douro Sul as condições meteorológicas foram mais favoráveis ao bom desenvolvimento das pomóideas, em particular das macieiras, “que deverão alcançar produtividades normais, embora inferiores às de 2023, e bons parâmetros de qualidade”.
Em relação ao pêssego, “as expetativas de uma boa campanha foram goradas pelas chuvas e granizos de final de junho, que causaram feridas e podridões, deteriorando a produção, que deverá ser inferior em 5%, face a 2023”.
No que diz respeito à produção de cereja na Cova da Beira, o relatório do INE avança que “foi muito penalizada pelas condições registadas na floração e no vingamento dos frutos” e, posteriormente, pelas chuvas de maio e junho, que provocaram a diminuição da qualidade e anteciparam o final da colheita.
O boletim mensal refere também que a campanha vitivinícola foi marcada por “intensa pressão de doenças criptogâmicas”, o que causou uma redução de produção em todas as regiões, excetuando Trás-os-Montes, Tâmega-Varosa, Beira Interior e Algarve (que representaram 5% da produção de vinho na campanha 2023), prevê-se uma redução de produção em todas as regiões vitivinícolas, que, globalmente, deverá rondar os 8%.
A análise sublinha que, em julho, as variações mais significativas no índice de preços de produtos agrícolas no produtor, foram observadas no azeite a granel (+40,2%), na batata (+35,3%), nos ovinos e caprinos (+23,5%), nos ovos (-14,7%) e nos suínos (-7,2%).
Comparativamente com o mês anterior, o INE esclarece que as variações de maior amplitude verificaram-se na batata (+23,4%) e azeite a granel (-14,4%).
Relativamente ao gado, o boletim refere que o peso limpo total de gado abatido e aprovado para consumo, em junho, foi 35.855 toneladas, o que correspondeu a um decréscimo de 2,9% (+0,6% em maio), devido ao menor volume de abate de bovinos (-4,7%) e suínos (-2,9%).
Já o peso limpo total de aves e coelhos abatidos e aprovados para consumo foi 31.219 toneladas, o que representou uma descida de 6,8% (+6,8% em maio), registando-se um menor volume de abate de galináceos (-7,4%), patos (-26,7%), codornizes (-14,9%) e coelhos (-40,3%).
O volume de frango aumentou 9,1%, com uma produção que totalizou as 27.975 toneladas (+5,4% em maio), tendo em número de cabeças registado também um acréscimo de 12,2% (-0,4% em maio). A produção de ovos de galinha para consumo, pelo contrário, teve uma redução de 1,6% (-2,8% em maio), com 9.377 toneladas produzidas.
Por fim, a recolha de leite de vaca foi de 161,2 mil toneladas, um decréscimo de 2,0% (-1,5% em maio). O volume total de produtos lácteos assinalou também uma diminuição de 1,3% (-1,0% em maio), justificada pelo menor volume de leite para consumo (-1,1%), leites acidificados (-0,8%), nata para consumo (-18,1%) e manteiga (-1,7%).