Os utilizadores espanhóis que têm acesso à água na margem esquerda da Barragem de Alqueva vão pagar esse serviço nas mesmas condições dos utilizadores portugueses. Portugal e Espanha chegaram a acordo ao fim de 25 anos.
Os países ibéricos anunciaram hoje, dia 27 de setembro, os princípios de entendimento para o Rio Tejo e para o Baixo Guadiana, no âmbito da gestão dos recursos hídricos partilhados.
No evento comemorativo dos 25 anos da Convenção de Albufeira, em Aranjuez, presidido pela Ministra espanhola da Transição Climática e Desafio Demográfico, Teresa Ribera, a Ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, anunciou o compromisso de garantir caudais diários, a partir da Barragem de Cedillo, para a manutenção dos caudais circulantes do rio Tejo.
De acordo com o comunicado de imprensa, os volumes diários para os caudais vão ser definidos nas próximas reuniões técnicas entre as entidades portuguesas e espanholas.
“Acabaram os dias de caudal zero no rio Tejo. Este é um passo há muito desejado por Portugal. Com este entendimento, resolvemos uma questão pendente, que estava há mais de duas décadas por resolver e que vai garantir estabilidade e consistência, dois requisitos fundamentais para uma gestão sustentável dos recursos hídricos e para a saúde dos ecossistemas”, referiu Maria da Graça Carvalho.
Segundo a nota do Executivo, os termos anunciados pela Ministra do Ambiente e Energia foram formalizados na XXV Plenária da Comissão para a Aplicação e o Desenvolvimento da Convenção de Albufeira (CADC), que decorreu a 26 de setembro, em Madrid.
A reunião resultou igualmente no compromisso de Portugal e Espanha nos seguintes princípios:
- Na definição dos caudais do troço final do Guadiana, será dada prioridade ao bom estado do estuário do Guadiana, sendo criado um programa de acompanhamento que permita monitorizar este regime e os seus eventuais impactos. Os caudais que fiquem disponíveis para usos socioeconómicos poderão ser utilizados, em partes iguais, pelos dois países.
- A garantia dos dois países de viabilizar a captação de água do Pomarão e de Bocachanza, um reconhecimento que permite a Portugal avançar com este projeto para aumentar a resiliência hídrica na região do Algarve e no Alentejo, através do Pomarão.
“O resultado deste trabalho que tem vindo a ser realizado nos últimos meses é um princípio de acordo que dá prioridade à componente ecológica, não esquecendo o consumo humano e outros usos socioeconómicos. Estou muito satisfeita com o desenrolar das negociações e por demonstrarmos que somos capazes de trabalhar em conjunto para o futuro dos dois países, num tema tão essencial como os recursos hídricos”, esclareceu Maria da Graça Carvalho.