O tema da circularidade, um dos pilares estratégicos e decisivos nas metas da sustentabilidade e nos objetivos da descarbonização, começa a ganhar alguma robustez.
No setor agroindustrial, onde existe um enorme desafio na gestão de resíduos e no desperdício alimentar, estão a crescer as iniciativas que juntam I&D com empresas para promover projetos que permitam valorizar resíduos e transformar problemas em oportunidades.
As parcerias nesta área são decisivas para colocar inovação nos processos e chegar a resultados escaláveis, eficientes e verdadeiramente sustentáveis. Vemos com agrado que diferentes setores procuram encontrar sinergias, provavelmente improváveis na teoria, mas certeiras na prática. Investiga-se a utilização de resíduos de vários alimentos para produção de bioplástico, de materiais têxteis e de construção, para não falar da produção de biomassas energéticas para caldeiras ou bioenergias.
“No setor agroindustrial, onde existe um enorme desafio na gestão de resíduos e no desperdício alimentar, estão a crescer as iniciativas que juntam I&D com empresas para promover projetos que permitam valorizar resíduos e transformar problemas em oportunidades.”
Mas não é apenas a solução para o resíduo que está em causa, mas sobretudo a sua valorização e transformação em oportunidade de negócio. Subprodutos do agroalimentar são por definição produtos ricos em nutrientes. Sejam extratos de uva para enriquecer carne com antioxidantes, ou desperdícios vegetais que podem ser transformados em farinhas altamente nutritivas. E aqui estamos a falar do enriquecimento de alimentos, ou a criação de novos, em segmentos de consumo com alto valor acrescentado.
Quero com isto dizer que já não basta pensar em aproveitar bagaços de azeitona para alimentar fornos ou produzir fertilizantes. É preciso fazer o “básico” (sendo que no básico ainda está quase tudo por fazer), mas pensar em dar o salto para outros níveis, onde a inovação será o fator-chave de sucesso. Esse futuro, que ainda parece longínquo, deve começar a ser construído sem demora. Porque os processos de investigação são morosos e fazer a transferência de conhecimento e implementação é desafiante. Mas este é, sem dúvida, o trabalho inspirador que está a ser feito e que nos deve orgulhar, como agentes desta cadeia. E revela ainda a importância e o enorme contributo que o agroalimentar pode e deve ter na transição para a circularidade.
#agricultarcomorgulho