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Pecuária

Inovação agropecuária em destaque nas Jornadas Muralha de Évora

Inovação agropecuária em destaque nas Jornadas Muralha de Évora

Os congressistas presentes nas 14as Jornadas Internacionais do Hospital Veterinário Muralha de Évora enunciaram como grande desafio: produzir mais e melhor com os mesmos recursos em “casa”. O evento, que ocorreu nos dias 3 e 4 de março no Évora Hotel, contou com 900 participantes.

O primeiro dia de palestras foi dedicado aos ruminantes com destaque para a comunicação do consultor internacional Roberto Barcellos que indicou um caminho para a produção de carne de qualidade. Segundo o especialista, o desafio do produtor passa por identificar indivíduos, raças ou sistemas de produção capazes de produzir esses animais com o nível de acabamento de carcaça desejado em torno de 10 mm de gordura. “Quando falamos em qualidade de carne referimo-nos a um produto que custa mais ser produzido e, por essa razão, está associado a um preço mais alto. Assim restringimos o perfil do público que está disposto a pagar e temos um nicho com objetivos diferentes de quem produz volume, commodity. Trata-se de uma “opção que o produtor tem que fazer”, afirma Barcellos identificando a tecnologia como o veículo para um caminho de sucesso. Agregar valor ao produto é outro tema discutido com a audiência sendo que Portugal já o faz muito bem em outros setores agrícolas como o vinho, o azeite ou o presunto. “Porque não fazê-lo com a carne bovina?”. Roberto Barcellos deixou esta provocação.

 

As comunicações prosseguiram em torno dos desafios da produção de carne, do regresso às origens através de um olhar mais atento para o mercado nacional e foram também abordadas oportunidades de transição energética no setor pecuário. Da parte da tarde, foi discutido o uso de drones na monitorização dos animais no campo, assim como a importância da comunicação na agropecuária, levada a cabo por Carlos Neves, agricultor e autor do livro “Desconfinar a agricultura – crónicas agrícolas do prado ao prato”.

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“O PEPAC e a resposta aos desafios da pecuária nacional”, uma comunicação da responsabilidade de David Gouveia do GPP, alertou para o debate polarizado entre pecuária e sustentabilidade e mostrou como a criação de bovinos pode contribuir para se produzir mais e melhor com menos recursos e benefícios ambientais.

José Calado, Diretor Regional de Agricultura do Alentejo, que presidiu a sessão de abertura desta 14ª edição das Jornadas, salientou a importância deste evento no setor da agropecuária. “São umas jornadas que colocam em discussão um conjunto de temáticas fundamentais para a progressão do setor. Sabemos que só existe sustentabilidade económica se existir conhecimento técnico e este evento é um agregador deste tipo de conhecimento”.

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Deixa ainda uma nota aos produtores no âmbito das ajudas diretas da Nova PAC. “A ajuda direta foi sempre à unidade de superfície e ao animal reprodutor. Podemos dizer que a ajuda à unidade de superfície para a grande superfície diminuiu, neste novo quadro comunitário, uma vez que nesta ajuda existia o greening, quase 40% do valor total. Agora o que acontece é que o greening foi substituído por um conjunto de possibilidades para as quais os produtores têm de olhar: Eco regimes e transição climática e do ambiente, as antigas agroambientais. No caso dos animais essa ajuda diminuiu também nos moldes em que era atribuída. Posto isto, o produtor terá que enquadrar outras medidas que compensem essa perda, como por exemplo, raças autóctones, bem-estar animal, diminuição do uso de antimicrobianos.”

A fechar a sessão foram entregues os prémios a concurso: “Inovação na Pecuária Extensiva”, atribuído pelo HVME em parceria com a CONSULAI à empresa “AGRIANGUS” e o prémio Professor Dr. João Cannas da Silva atribuído a Kátia Paulo pela melhor comunicação oral e a Inês Garcia pelo melhor poster.

 

No segundo dia,  ovinos e caprinos estiveram no centro do debate com destaque para a apresentação da Startup “AniMob”, um projeto inovador de mobilidade animal que pretende oferecer uma partilha de terreno e gado criando um serviço de gestão regenerativa do território.

Produzir mais com os mesmos recursos e de forma economicamente viável foi o grande desafio lançado aos produtores de ovinos e caprinos. Susana Pombo, diretora geral da Direção Geral de Alimentação e Veterinária, mencionou a estratégia da Comissão Europeia que desafia uma produção com segurança e respeito pelo ambiente, salientando os Ecoregimes como uma oportunidade para os produtores que adotem as melhores práticas nas suas explorações.

Nuno Prates, responsável pela comissão organizadora do evento, destacou ainda a exposição de Arte Chocalheira, patente no âmbito das Jornadas, e o pequeno concerto de Chocalhofone, tocado pelo professor Vasco Ramalho do Conservatório Regional de Évora que surpreendeu a audiência. “As jornadas superaram as nossas expectativas. A adesão foi a maior de sempre, tivemos várias salas a funcionar em simultâneo na análise e debate de temas relacionados com os ruminantes, os equinos, workshops e ainda uma sala dedicada à apresentação de comunicações científicas. As pessoas estão satisfeitas e essa é a maior motivação para continuarmos a fazer mais e melhor.”