Quanto maior for a biodiversidade nas explorações pecuárias ao ar livre, menor será a presença de patogénicos. É a conclusão de um estudo liderado por cientistas espanhóis.
A investigação explorou esta ligação aplicando tecnologias não invasivas em 15 explorações pecuárias ao ar livre (seis de bovinos, cinco de pequenos ruminantes e quatro de suínos) de cinco comunidades autónomas de Espanha.
Em cada exploração pecuária foram aplicados protocolos completos de análise de pontos de risco, que incluíram o uso de armadilhas fotográficas para quantificar a riqueza de espécies de aves e mamíferos, bem como para avaliar a percentagem de câmaras que detetam determinadas espécies de risco, como javalis.
Ao mesmo tempo, também foi aplicado o uso de esponjas nas superfícies dos bebedouros e comedouros para recolher ADN ambiental e analisá-lo em função de nove marcadores de patogénicos.
Os resultados mostraram que a diversidade de patogénicos detetados em pontos de risco variou entre as explorações, sendo maior nas que continham pequenos ruminantes e nos naquelas que albergam bovinos e suínos.
Ao nível da exploração pecuária, a diversidade de aves e mamíferos selvagens e o número de agentes patogénicos detetados em pontos de risco foram negativamente correlacionados. Os pontos de risco com maior probabilidade de detetar mais patogénicos apresentaram menor riqueza de aves e mamíferos, ou seja, quanto mais biodiversidade, menos patogénicos.
“A pecuária ao ar livre contribui para a conservação da biodiversidade e para a melhoria do bem-estar animal, mas também corre riscos de biossegurança devido ao maior contacto do gado com a vida selvagem. Portanto, é necessário monitorizar e gerar informações sobre o equilíbrio entre a diversidade da vida selvagem presente em cada exploração, as visitas às mesmas pelas espécies selvagens de maior risco e a circulação de patogénicos”, explicam os cientistas.