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Quotas leiteiras

APED defende estratégia nacional para encarar período pós-quotas leiteiras

Produtores de leite querem simplificação das regras do Greening

A APROLEP promoveu ontem (15 de julho) uma manifestação de produtores de leite para alertar a opinião pública para as dificuldades do setor no período pós-quotas leiteiras, nomeadamente para o decréscimo do preço do leite pago aos produtores pela indústria. A APED emitiu entretanto um comunicado em que defende “a emergência do desenvolvimento de uma estratégia nacional para encarar de forma proactiva e positiva o período pós desmantelamento das quotas leiteiras.”

A manifestação da APROLEP contou com a presença de cerca de duas centenas de produtores leite que alertaram para uma “situação dramática” que se tem vivido no setor, não só devido aos baixos preços pagos aos produtores pelo litro de leite, mas também pelas dificuldades que têm enfrentado na recolha do leite produzido no país.

Para o presidente da APROLEP, Carlos Neves, é preciso “lançar um apelo a Bruxelas para que reconheça esta crise (…), depois queremos um trabalho do Governo na fiscalização do leite importado, mediando a distribuição e a indústria”. De acordo com a Lusa, Carlos Neves alertou que existem no continente apenas cerca de três mil produtores, face aos 80 mil de há alguns anos atrás.

O presidente da AJADP -Associação de Jovens Agricultores do Distrito do Porto, Miguel Silva, que também marcou presença na manifestação confessou não entender o motivo das importações de leite, defendendo que “estão a esmagar a produção nacional”.

“Não se percebe o motivo das importações e como é que o leite chega a preços irrisórios. Estão a importar leite e isso está a esmagar a nossa produção. Os produtores estão falidos porque não há forma de combater estes preços.”

Distribuição reage

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Para a APED, associação de representa as empresas de distribuição nacionais, “a Distribuição tem estado na primeira linha do apoio à produção nacional.(…) O fim das quotas leiteiras na Europa acontece numa altura em que se prevê, para 2015, um aumento global da produção de 1% coincidindo com o embargo da Rússia à importação de produtos agrícolas da União Europeia a que se junta uma diminuição de consumo de leite e derivados.”

Em Portugal, como no resto da Europa, segundo a APED, “o consumo de leite e produtos lácteos tem vindo a registar quedas acentuadas, estando os consumidores a diminuir o consumo de produtos lácteos em geral. Só nos cinco primeiros meses deste ano os portugueses consumiram menos 5,7% de leite UHT, quando comparado com maio de 2014.”

A APED explica ainda que “durante 30 anos, a existência de quotas leiteiras impediu que o mercado português fosse ‘inundado’ com os excedentes de produção de outros mercados com custos mais competitivos atentas as caraterísticas climáticas mais favoráveis à produção de leite (Centro e Norte da Europa). A abolição destas quotas desde 1 de abril último surge como um desafio importante para todos.”

A associação acredita que o crescimento do setor através da promoção do leite e de produtos lácteos passa por uma estratégia nacional que encare “de forma proactiva e positiva” o período pós-quotas leiteiras. “Cabe ao sector como um todo e ao país encontrarem oportunidades de mercado, de diferenciação e de crescimento que permitam marcar presença à escala global.”

Para Ana Isabel Trigo Morais, diretora-geral da APED, estas propostas “constituem uma oportunidade para o desenvolvimento de toda a cadeia de valor dos lacticínios, para o qual todos estão convocados, incluindo as autoridades públicas e governamentais.”