O preço da alimentação mundial atingiu o maior valor desde a criação do índice de preços da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), em 1990. O índice atingiu 159,3 pontos em março, um valor superior em 12,6% face a fevereiro, nota a FAO.
Comparando por categorias, o preço do óleo vegetal foi o que mais aumentou, com um crescimento de 23,4%, impulsionadas por cotações mais elevadas para o óleo de sementes de girassol, dos quais a Ucrânia é o principal exportador mundial.
“Os preços do óleo de palma, soja e colza também subiram acentuadamente em resultado do aumento dos preços do óleo de girassol e do aumento dos preços do petróleo bruto, com os preços do óleo de soja ainda mais sustentados pelas preocupações com a redução das exportações por parte da América do Sul”, informa a FAO.
A segunda categoria com o maior aumento foram os cereais, cujo preço cresceu 17,1%, devido ao aumento do preço do trigo e de outros cereais resultado da guerra na Ucrânia.
Os preços mundiais do trigo subiram 19,7% durante o mês, agravados pelas preocupações com as condições das colheitas nos Estados Unidos da América. Entretanto, os preços do milho registaram um aumento mensal de 19,1%, atingindo um valor recorde, juntamente com os da cevada e do sorgo.
Outras categorias:
- Açúcar – O preço aumentou 6,7%, revertendo as descidas recentes e atingindo um nível 20% superior ao de março de 2021. “Os preços mais elevados do petróleo bruto foram um fator determinante, juntamente com a valorização cambial do Real Brasileiro, enquanto as perspetivas de produção favoráveis na Índia impediram aumentos de preços mensais maiores”, informa a FAO;
- Carne – O índice aumentou 4,8%, atingindo o maior valor de sempre. Entre as razões estão a queda do abatimento de porcos na Europa Ocidental e abastecimentos reduzidos de aves de capoeira devido a casos de gripe aviária;
- Lacticínios – O preço aumentou 2,6% e é superior em 23,6% ao valor de março de 2021.
Expetativas para os cereais
A FAO divulgou ainda o seu novo Cereal Supply and Demand Brief, que inclui uma previsão para a produção global de trigo em 2022 de 784 milhões de toneladas, um aumento de 1,1% face a 2021. Esta estimativa inclui a expetativa de que pelo menos 20% da área plantada pela Ucrânia não possa ser colhida, devido à guerra.
As reservas globais de cereais que terminam em 2022 deverão aumentar 2,4% em relação aos níveis de abertura, em grande parte causado pelo aumento das reservas de trigo e milho na Rússia e na Ucrânia, devido às exportações mais baixas esperadas. O rácio global de cereais para uso está previsto em 29,7% em 2021/22, apenas ligeiramente abaixo do ano anterior e ” indica um nível de abastecimento relativamente confortável”, segundo a FAO.