A produção de amêndoa deverá alcançar as 80 mil toneladas, registando o valor mais elevado de sempre, “resultado da entrada em plena produção de muitos amendoais intensivos, principalmente no Alentejo, que contrabalançaram amplamente as reduções observadas no Douro Superior”.
De acordo com o boletim mensal da Agricultura e Pescas, da responsabilidade do Instituto Nacional de Estatística (INE), a produção de amêndoa irá crescer mais 15% em comparação com 2023.
Segundo o documento, a colheita da amêndoa decorreu em boas condições devido à ausência de precipitação, sendo a qualidade de um modo geral boa.
“No Alentejo, a entrada em plena produção de muitos pomares intensivos é o fator determinante para o aumento da 20% da produção, face à campanha anterior. No entanto, alguns produtores referem que as limitações impostas na dotação máxima de rega (6 000 m³/hectares) por parte do EFMA [Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva] condicionaram os calibres e refletiram-se nas produtividades alcançadas”, lê-se no documento.
Já no Douro Superior, o vingamento do fruto foi prejudicado pelas chuvas e baixas temperaturas, afetando principalmente as variedades de floração mais precoce e os pomares mais expostos, avança o INE.
O que esperar de outros frutos e frutas?
Já relativamente aos frutos de casca rija, o boletim do INE prevê um aumento de 15% na produtividade da castanha, “observando-se uma carga normal de ouriços e um melhor estado sanitário, face aos dois anos anteriores”.
O relatório também antecipa campanhas abaixo do potencial produtivo nos pomares de pomóideas na região do Oeste, destacando-se as pereiras, “cuja produtividade foi novamente prejudicada por condições meteorológicas adversas e pelos recorrentes problemas fitossanitários, nomeadamente o fogo bacteriano e a estenfiliose”.
A produtividade de kiwi “deverá ser a mais baixa do último quinquénio”, devido a diversos problemas que afetaram a formação e o desenvolvimento do fruto ao longo de todo o ciclo.
O INE refere ainda que a proibição da utilização da cianamida hidrogenada, substância ativa que interrompe a dormência vegetativa (induzindo assim uma floração homogénea), também contribuiu para o decréscimo de produtividade do kiwi.
Em contrapartida, a produção de laranja aumentou 25%, alcançando as 345 mil toneladas, uma vez que a redução observada nas variedades temporãs (-10%), foi compensada pelas variedades de meia estação e tardias que retomaram as produções normais, após a má campanha de 2023.
No que diz respeito à produção de maçã, o relatório refere que, na variedade Gala, a produtividade foi ligeiramente superior ao ano transato (cerca de 5%), com boa qualidade dos frutos, embora com calibres e brix inferiores.

Apesar de ainda estar a decorrer a colheita da variedade Golden, o INE antecipa que a produção deverá ser inferior a um ano normal, com qualidade dentro dos padrões habituais. Já as maçãs da variedade Fuji, que vão ser colhidas a partir do início de outubro, devem registar uma produção superior ao ano anterior.
Relativamente ao tomate para a indústria, o INE avança observar-se uma ligeira diminuição de produtividade e de qualidade devido a alguns problemas de sobrematuração dos frutos e também aos efeitos de pragas e doenças. No entanto, apesar do decréscimo de produtividade, a produção de tomate para a indústria deverá aumentar 5%, resultado do aumento de área.
Que outros resultados antecipou o INE?
Em relação às searas de arroz, o boletim avança que beneficiaram das boas condições de temperatura e humidade, no entanto, apresentam muitas infestantes e estragos causados pelas aves e javalis, devendo a produção ser semelhante à campanha anterior, resultado do aumento de área.
No que toca à campanha vitivinícola, o relatório indica que a campanha foi marcada por intensa pressão de doenças criptogâmicas, o que causou uma redução generalizada de produção, que deverá rondar os 10%, situando-se nos 6,6 milhões de hectolitros.
“De uma forma geral, a campanha decorreu em condições climatericamente adversas, coincidindo as fases de maior vulnerabilidade sanitária das videiras com períodos de precipitação, humidade elevada e calor”, lê-se no boletim.
Este indica ainda ter-se sentido uma “forte pressão de doenças criptogâmicas”, sobretudo de míldio (geograficamente generalizado, mas com mais incidência nas regiões vitivinícolas de Lisboa e do Tejo, com ataques tardios sob a forma de Rot Brun9), de oídio (também com intensidade considerável nas regiões da Bairrada, do Dão e de Lisboa) e das podridões (nas regiões dos Vinhos Verdes e da Beira Interior).
“O controlo destas doenças não foi, em muitos casos, totalmente eficaz, mesmo com o estrito cumprimento de exigentes calendários de tratamentos fitossanitários”, explica o INE.
Além disso, este facto associa-se aos estragos provocados pelos escaldões de agosto e pelos incêndios de setembro (regiões do Dão, Lafões e dos Vinhos Verdes), que contribuíram para uma previsível diminuição da produção.
O documento frisa ainda que, sobretudo na região vitivinícola de Trás-os-Montes, a procura de uvas para vinificar “diminuiu significativamente”, uma vez que diversas adegas de dimensão considerável ainda possuem grandes quantidades de vinho armazenada da campanha anterior, levando a que não necessitem (ou não tenham capacidade) de vinificar este ano.
Isto levou a que alguns viticultores, sem comprador nem capacidade de transformar a sua produção, não tenham realizado a vindima.