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Cereais

Arroz: “O caminho para valorizar a produção nacional é a diferenciação do produto e a união da fileira”

Arroz: “O caminho para valorizar a produção nacional é a diferenciação do produto e a união da fileira” iStock

A LUSOSEM e a Associação de Orizicultores Portugueses (AOP) organizam um evento nacional dedicado ao setor do arroz no passado dia 12 de março, em Santarém, tendo concluído que “o caminho para valorizar a produção nacional é a diferenciação do produto e a união da fileira”.

De acordo com o comunicado de imprensa, a iniciativa teve como principal objetivo promover um debate aberto sobre os desafios e o futuro da cultura do arroz em Portugal, com destaque para a necessidade de diferenciar o produto nacional e unir todos os elos da cadeia de valor — da produção à distribuição — como estratégia para garantir a sustentabilidade do setor.

 

Sob o mote “Conversas com Arroz”, o encontro juntou cerca de 300 participantes, entre produtores das principais bacias orizícolas, representantes da indústria, distribuição, investigação, estruturas públicas e o Ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes.

Conversas com Arroz 2

 

Três desafios centrais: fitossanidade, rentabilidade e consumo
Carlos Amaral, presidente da AOP, traçou o diagnóstico da campanha de 2024: falta de soluções eficazes para controlo de infestantes, elevados custos de produção e quebras significativas na rentabilidade, que se traduziram em menos 30 milhões de euros para os produtores. A juntar a isso, há um problema de mercado: apesar de 93% do arroz produzido em Portugal ser carolino, este representa apenas 18% do consumo nacional.

A resposta, apontam os vários intervenientes, passa por valorizar as variedades nacionais de arroz carolino, investir em rotulagem transparente, educar o consumidor e apostar na promoção, com o apoio da grande distribuição.

 

“Há trabalho a fazer entre a produção e a indústria para valorizar as variedades de carolino que aportam valor (…) nunca seremos competitivos com variedades indiferenciadas”, defendeu Mário Coelho da indústria Novarroz, acrescentando: “não tenho dúvidas de que assim que a distribuição alimentar se envolver no trabalho de promoção dos carolinos, o seu consumo em Portugal aumentará”.

Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da APED, garantiu o apoio do setor da distribuição a campanhas de promoção, à semelhança do que já acontece com outros produtos portugueses, como a batata.

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“Há espaço para educar o consumidor, para mais literacia sobre o arroz nacional. Podem contar connosco para fazer uma campanha, tal como já fazemos no setor da batata”, referiu Gonçalo Lobo Xavier.

Já Vasco Borba, orizicultor e membro da direção da AOP, sublinhou a relevância do trabalho realizado pelas organizações de produtores: “concentrando no fundo a procura conseguimos ter custos mais reduzidos (…) a indústria hoje em dia já vê os agrupamentos como parceiros, no entanto, a falta de uma bolsa de preços bem definida dificulta a negociação de preços justos”.

Nesse âmbito, foram apontadas ideias como implementar uma lista de variedades recomendadas, para as quais a indústria poderia ter preços indicativos comunicados antecipadamente à produção. “Será importante, porque perdemos muito dinheiro em 2024, não podemos ter outro ano como este, senão fechamos as portas”, reconheceu Vasco Borba.

Soberania alimentar
O Ministro da Agricultura sublinhou o papel estratégico do arroz no contexto nacional, defendendo uma visão de soberania alimentar, com reforço da investigação, inovação e reorganização das cadeias de valor.

O responsável pela pasta da agricultura anunciou ainda que a nova estratégia para os cereais será apresentada a 9 de abril, com medidas para aumentar o rendimento e a resiliência dos produtores. Além disso, referiu ainda o plano “Água que Une”, que prevê aumentar em 30% a área agrícola de regadio em Portugal até 2030, com um investimento de mais de 5 mil milhões de euros.

“Hoje deu-se aqui um passo muito importante que é a comunicação entre os vários elos da cadeia de valor da fileira do arroz para encontrar as soluções para o futuro…temos que estar juntos para no dia a dia encontrar o algoritmo ideal para sermos sustentáveis e economicamente viáveis”, afirmou Pedro Pinho, CEO da Suporte Agrícola Lda, orador do evento.