A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) emitiu esta semana um comunicado em que revela que pretende alertar os decisores políticos e a sociedade em geral para “o delapidar constante dos recursos naturais com repercussões gravíssimas, não só na floresta e no ecossistema, mas também ao nível do clima e de bens essenciais como a água e o solo”.
De acordo com a UTAD, “com a chegada do verão, chega a época dos incêndios florestais como que de uma predestinação se tratasse e que a sociedade encara como uma calamidade inevitável. Em média, cerca de 2,2% da floresta nacional arde anualmente, o valor mais elevado da Europa e o 11º mais alto do mundo, comprometendo a sua sustentabilidade.”
Paulo Fernandes, docente do Departamento Ciências Florestais e Arquitetura Paisagista da UTAD, refere que os elevados níveis de precipitação no inverno e primavera atrasaram a época de fogos e têm limitado a capacidade de propagação dos incêndios, mas a previsão de um verão longo e seco poderá anular esse efeito e, uma vez mais, resultar em elevada área ardida.
Já Emília Silva, docente da UTAD, destaca que “o papel da engenharia florestal é crucial na definição e implementação de modelos de silvicultura preventiva, que permitam criar florestas mais resistentes e resilientes ao fogo, acrescentando que o material combustível resultante da limpeza das matas pode dar um rendimento complementar na produção de energia em centrais de biomassa. Por outro lado, finda a época de fogos e após a desmobilização do dispositivo de combate, pouco se geralmente até ao verão seguinte.”
Os especialistas da UTAD defendem que depois do fogo “são necessárias medidas ativas de intervenção que minimizem os efeitos adversos e conduzam à rápida recuperação dos ecossistemas”. Para além disso, alertam para a “inexistência de programas integrados que respondam de imediato aos efeitos adversos dos incêndios após a sua ocorrência e que conduzem ao empobrecimento do território.”
Nota: Fotografia de José Paulo Santos – UTAD