A estratégia insere-se no plano global do Governo de internacionalização das empresas portuguesas. «O dossier mais importante da agricultura é a internacionalização», afirmou, em Berlim, no salão Fruit Logistica, o ministro da Agricultura, António Serrano, adiantando que o PRODER, o principal programa de apoio estatal aos agricultores, tem agora financiamentos próprios para a exportação e que «até ao final deste semestre vai estar pronta a proposta de internacionalização».
Na apresentação da nova marca-chapéu para os vinhos portugueses, a Wines of Portugal, António Serrano explicou que «o vinho é o melhor exemplo do que podemos fazer num futuro próximo para atingir mercados de alto valor acrescentado», salientando: «queremos dinamizar a articulação de um programa mais vasto de internacionalização dos produtos agro-florestais e das pescas».
Para apoiar esta estratégia, foi criado um grupo de trabalho que vai estudar os mercados e produtos que podem ser promovidos, mas o ministro acredita que azeite, frutas e hortícolas são alguns dos produtos que têm condições de serem promovidos de forma semelhante aos vinhos. «Temos condições de produção e exportação favoráveis, mas temos de trabalhar o marketing», disse.
«Há uma dificuldade de associar sabores a Portugal. Num estudo que foi realizado no ano passado nos Estados Unidos concluiu-se que os consumidores não associam sabores a Portugal», refere o ministro da Agricultura.
Os produtos abrangidos por este plano de internacionalização ainda não estão definidos, mas Luís Rego, assessor do ministro, disse à Vida Rural que há vários projectos em estudo, caso de «uma campanha de promoção da gastronomia nacional, dos “comeres portugueses”. A Portugal Foods resulta do esforço de várias empresas e entidades nacionais após estudos que demonstram que não há uma identificação de pratos nacionais, como há com a pizza de Itália, o sushi do Japão, etc.».
Frutas de Portugal
A iniciativa do Governo vai ao encontro de projectos que a própria produção está também a lançar. Aproveitando a presença do ministro na Fruit Logística, os produtores nacionais apresentaram-lhe o projecto de criação da agência de promoção de hortofrutícolas, que está em fase de lançamento. O Ministério apoiou e espera agora que o sector se una em torno desta estrutura.
«A agência de frutas de Portugal está ainda em fase de criação, mas as inscrições devem ser abertas em breve e abrangem todos os interessados. A ideia é promover a fruta portuguesa no estrangeiro», afirmou José Burnay, administrador da UniRocha. O projecto – liderado pelas empresas UniRocha, Luís Vicente, Soma e Cooperativa Agrícola de Mangualde – teve o imediato apoio do Ministério que está agora a «aguardar que o sector se una em torno desta ideia e concretize a Agência», garantiu Luís Rego.
João Pereira da Silva, gestor da Cooperfrutas adiantou que «França, Alemanha, Rússia e Brasil são mercados para onde já exportamos a nossa fruta – pêra Rocha e maçãs da variedade Gala – bem como Polónia e Inglaterra. E estamos agora a apostar em novos mercados como Irlanda, Bélgica e também o Líbano e outros países do Médio Oriente».
«Os mercados nacional e europeu estão muito pressionados pelo preço, devido à crise, com os preços médios a baixarem cerca de 20%. Por isso, temos de apostar em mercados em crescimento e com maior poder financeiro onde podemos praticar preços um pouco superiores, como o Médio Oriente, a China ou a Índia», revelou Manuel Évora, administrador da Luís Vicente.
O apoio a esta iniciativa vai inserir-se num nível mais global no «Plano de Internacionalização das Empresas Portuguesas» e mais especificamente na «estratégia de promoção dos produtos nacionais, da terra e do mar, que o Ministério da Agricultura tem», concluiu Luís Rego.
«Até ao final deste semestre vai estar pronta a proposta de internacionalização e vou nos próximos dias emitir um despacho sobre a criação da comissão de acompanhamento» deste projecto, adiantou António Serrano.
Aumentar as exportações do vinho e cortiça
Com a marca Wines of Portugal, o objectivo é atingir um aumento de 10% nas exportações de vinho nacional nos próximos cinco anos. Ou seja, 60 milhões de euros a somar aos cerca de 600 milhões que as marcas nacionais exportam anualmente (dados até Setembro de 2009). A marca poderá ser usada no rótulo de vinhos portugueses certificados de acordo com regras predefinidas pelas entidades oficiais e vai ser implementado um plano de promoção composto por um conjunto de iniciativas consideradas estratégicas e um site vocacionado para a divulgação desta ‘etiqueta’ no estrangeiro.
Já definida está também uma campanha de promoção da cortiça nacional que a indústria vai lançar. A campanha, orçada em 20 milhões de euros, é financiada pelo Governo português e utiliza o know-how científico para convencer o consumidor dos benefícios da cortiça.
De Abril de 2010 a Junho de 2011, a Associação Portuguesa de Cortiça (APCOR) promoverá a cortiça via televisão, rádio, imprensa, feiras de vinhos e Internet. Dos 20 milhões totais, 12 milhões serão alocados a mercados como o Reino Unido, França, Alemanha, Itália e EUA, possuindo cada país a sua própria campanha, com mensagens comuns de que a cortiça é um produto tradicional, mas inovador e proveniente de uma indústria sustentável. Os restantes oito milhões de euros destinam-se à promoção da cortiça como produto utilizável na construção e indústria aeronáutica.
Simultaneamente, a APCOR também irá lançar um programa de reciclagem para as rolhas de cortiça através de uma parceria com restaurantes, supermercados, lojas e unidades de reciclagem.
Na área das pescas, a recente certificação da sardinha nacional com a etiqueta azul do Marine Stewardship Council, o certificado de pescado ambientalmente sustentável, é já também um primeiro passo para a promoção deste produto nacional nos mercados externos. •
Artigo em colaboração com a revista Distribuição Hoje.
Tecnologia para a romã ganha prémio de inovação
Os especialistas da indústria internacional escolheram o vencedor do Fruit Logistica Innovation Award 2010 (FLIA). A escolha recaiu no ART – Arils Removal Tool, um dispositivo destinado a remover sementes de romã feito pela empresa Mehadrin Tnuport Export, de Israel. Esta tecnologia possibilita a remoção das sementes de romãs de forma rápida e fácil, permitindo aos consumidores usufruir convenientemente desta fruta.
Também premiada, com o segundo lugar, foi a holandesa HZPC Holland com o Pommonde Taste Potato Concept, que oferece aos consumidores inovação e orientação prática na aquisição de batatas. O terceiro lugar foi atribuído à Unitec S.p.A, de Itália, que concorreu com o QS_300, um dispositivo portátil de controlo de qualidade interna de fruta e legumes.
O mundo das frutas e legumes
Quem é quem no mundo das frutas e legumes está na Fruit Logística, o maior evento mundial de produtos frescos (frutas, legumes e flores) que se realiza todos os anos no início de Fevereiro na Berlim Messe. Na edição deste ano, entre os 2302 expositores de 71 países, estiveram presentes 12 empresas portuguesas, sem qualquer apoio estatal, mas que, pela primeira vez, tiveram a visita do ministro da Agricultura. António Serrano prometeu que no próximo ano Portugal vai ter «uma representação mais digna».
Algumas das novidades apresentadas na Fruit Logistica 2010 foram, por exemplo, a nova tecnologia de embalagem CRT para bananas, da Del Monte, que controla o amadurecimento, aumentando a vida da fruta; novas variedades híbridas de fruta como a resultante do cruzamento entre a ameixa e o damasco, da Royal da Andaluzia; ou um novo sistema de embalagem variável da alemã Affeldt, onde todo o sistema é projectado de modo a que as frutas sensíveis rolem, em vez de caírem, e que é adequado a uma grande variedade de embalagens exigidas pelo mercado.
Também foram lançadas novas marcas como a Unicorn da espanhola Hispalco, que já comercializava frutas sob a marca Monnalisa e novas soluções “amigas do ambiente” de protecção das plantas, como a Smart Protection da BASF.