Inspirada no conhecido jogo Farmville, a ideia de criar o MyFarm surgiu no âmbito da cadeira de Empreendedorismo do Instituto Politécnico de Beja, onde o professor, Luís Miguel Luz, e seis alunos decidiram criar uma empresa para que os ‘urbanos’ pudessem ter hortas reais em vez das virtuais e ajudando assim os pequenos produtores a escoarem os seus produtos.
Alice Teixeira, responsável de projeto na empresa e também docente no IPB, explica-nos que “começámos em 2012/2013 com um projeto agronómico piloto e 20 clientes, que funcionou durante duas campanhas, porque precisávamos de saber os custos envolvidos”. E em setembro desse ano arrancou o projeto comercial com esse 20 clientes e um produtor (não profissional) de Sintra e a CERCI Beja, “que integrámos porque somos uma empresa social”.
Mas tudo começou a ‘saber a pouco’ porque os produtos não chegavam e as pessoas queriam comprar produtos complementares de confiança (ovos, compotas, etc.), pelo que “começámos a reformular o MyFarm e a plataforma, cujo novo formato estará online em janeiro, com várias novas funcionalidades”, adianta a engenheira agrónoma.
Mantendo o lema: “Adote um Agricultor”, que demonstra o objetivo de ligação entre o produtor e o cliente, o novo MyFarm permite agora Hortas de Campo (como já existia), mas também Hortas Virtuais, Cabaz Hortas Solidárias (onde os Consumidores podem doar produtos a instituições), Cabazes da Quinta (ou pack de Cabazes), de Produtos Avulso e de outros Produtos de Parceiros dos Agricultores ou Organizadores (líderes de um grupo, associação, cooperativa, etc.) registados.
“Mantemos a ligação ao produtor porque as pessoas gostam de acompanhar o que se vai passando no campo, mas assim damos mais possibilidades e liberdade a agricultores e clientes”, adianta Alice Teixeira, porque no caso das Hortas Virtuais o cliente compra uma linha ou X m² de alfaces ou cenouras e o produtor já pode compor’ o seu terreno como quiser. No caso das Hortas de Campo (com uma mensalidade mais elevada) mantém-se a decisão do lado do cliente, que está obrigado também a um maior acompanhamento do projeto, até no campo, se pretender.

Cada Agricultor tem agora uma página que dinamiza, onde se inclui um mapa com a posição da horta e onde pode incluir parceiros, como produtores de mel, por exemplo.
“Os produtores é que sugeriram esta associação”, explica a responsável, adiantando que “quando nos reunimos na Cooperativa de Beringel, eles é que começaram a dizer: ‘eu posso produzir isto e tu aquilo e fazemos a oferta em conjunto’, pelo que a nova plataforma foi construída com a ajuda de dez a 15 produtores de idades e dinâmicas diferentes”.
O objetivo é agora juntar agricultores de outras zonas do País, “de onde temos tido vários pedidos. Vamos fazer um roadshow com o apoio da Caixa Agrícola e da Associação de Jovens Agricultores”.
A MyFarm paga os custos cobrando uma comissão sobre a venda dos vários produtos – Horta no Campo, Horta Virtual, Cabaz, Produtos Avulso, etc. –, sendo que “os clientes têm uma conta corrente onde que vão ‘carregando’ e onde vão sendo debitados as mensalidades ou compras.
Alice Teixeira salienta ainda que “os agricultores são avaliados periodicamente por nós, para garantirmos que tudo está a funcionar bem”.