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Floresta

Acréscimo diz que “lamúrias” da Portucel “não se justificam”

floresta setembro de  Vida Rural

A Portucel-Soporcel inaugurou na passada semana um projeto florestal de 2,2 mil milhões de euros em Moçambique. Pedro Queiroz Pereira, presidente da empresa, defendeu que o investimento podia ter acontecido em Portugal, onde “há uma tendência para criticar o eucalipto, é difícil plantar, mesmo que exista, é complicado”.

Já esta semana, a Acréscimo, a Associação de Promoção ao Investimento Florestal, critica esta posição e refere que as “lamúrias” são injustificadas, “já que a indústria de celulose em Portugal se desfez, nos últimos anos, de mais de 30 mil hectares só de eucaliptal. Reforça-se, não está em causa a transferência de áreas de menor para outras de maior produtividade. Os dados anunciados pela associação deste sector apontam para um efetivo desinvestimento na floresta portuguesa. Quer-se mais em discurso, mais opta-se por menos nos factos.”

A associação diz também que “desde já se espera que neste investimento do grupo em Moçambique tenham sido criadas oportunidades a fornecedores nacionais, estimulando a transferência de tecnologia nacional e fomentando o emprego mais qualificado em Portugal. Esta oportunidade corresponde aliás à contrapartida esperada face aos benefícios fiscais de que o grupo goza por parte do Estado português.”

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A Acréscimo acrescenta também que “por pressão do grupo, o governo alterou em 2013 a legislação que impunha algumas restrições legais ao desenvolvimento da cultura do eucalipto em Portugal. Fê-lo partindo de uma proposta do próprio grupo. Não se entende pois de que se queixa este responsável já que o eucalipto assume hoje o lugar cimeiro, em área ocupada, no conjunto das espécies florestais em Portugal, atingindo próximo de um milhão de hectares. Aliás, Portugal ocupava, em 2006, o quinto lugar a nível mundial com área destinada a eucaliptos (porventura, com a redução de área em Espanha e aumento em Portugal, poderá ocupar agora o quarto lugar). Afinal de contas, tudo aponta para que o aumento da capacidade do “armazém” para usufruto da empresa tem progredido a seu favor no nosso país.

A associação diz “condenar a prossecução de uma estratégia de Calimero por parte do responsável do grupo Portucel Soporcel” e “gostaria que fosse do conhecimento público a situação respeitante às contrapartidas à alteração da legislação que afeta a cultura do eucalipto em Portugal, operadas sob a égide da ministra Assunção Cristas, designadamente sobre os 15 mil postos de trabalho que iriam ser criados.”