Pôpa Fiction. Literatura e cinema noir engarrafado. Que é como quem diz, uma trilogia Douro DOC em formato irreverente. Os rótulos remetem para o universo pulp. As garrafas são de um generoso litro para beber assumidamente sem moderação. É o lado B dos irmãos Vanessa e Stéphane Ferreira que foi ontem (7 de outubro) apresentado à imprensa especializada.
A ideia é ligar a arte gráfica à arte de produzir um bom vinho. Três livros policiais serviram de inspiração a outros tantos vinhos, todos com edição limitada de 2500 garrafas: In the Flesh; The Great Escape e Hot Lips. Todos diferentes, mas com o denominador comum da fantasia noir.
A proposta dos irmãos Ferreira foi trabalhada pelo enólogo João Menezes e pelo ilustrador e muralista Mário Belém. Ricardo Henriques foi o copy de serviço que deu texto às imagens. E não podia ser mais consonante. As frases “Muito católico numa primeira prova, muito pagão numa segunda”, “É para sorver e beijar no meio de uma dança animal” ou “Este vinho é um assalto em frente. Copos ao alto”, fazem as apresentações. Está tudo dito. E com merchandising e tudo.
Mas o Popa Art Projects vai muito além desta trilogia inspirada na cultura pulp. A ideia é levar o projeto além Douro. Vanessa e Stéphane vão criar parcerias com produtores, para já na Bairrada e no Alentejo, para ampliar a gama e levar a marca a outros produtos alimentares.
Tudo isto a pensar na exportação, que é o mercado core deste projeto que se dirige claramente a um nicho de millenars, entre os 25 e 45 anos, ligado às artes e tecnologias. E quanto custa cada garrafa? 29€.
Este é um projeto que vai certamente fazer história no marketing de vinhos nacional. Fora da caixa, com ambição, arriscado, mas que traz uma lufada de ar fresco ao classicismo na forma de comunicar no setor. Ainda mais tratando-se do conservador Douro. Ver esta trilogia com o selo Douro DOC é um belíssimo sinal que muito está a mudar nas mentalidades vigentes. E para melhor.