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Pecuária

Suspensão de contratos preocupa produtores de leite

Suspensão de contratos preocupa produtores de leite iStock

A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) lançou um apelo dirigido aos responsáveis políticos, ao setor da distribuição, à indústria de laticínios e ao setor cooperativo relativamente à necessidade de serem encontradas soluções que garantam a estabilidade do mercado sob pena de uma desvalorização do leite português.

O alerta foi dado depois da APROLEP ter tido conhecimento de que, pelo menos, 14 produtores de leite, entre os que fornecem atualmente a marca ‘Pingo Doce’, através da empresa ‘Terra Alegre’, “foram surpreendidos com a informação que serão dispensados e terão de procurar novo comprador de leite a partir de janeiro de 2025”.

 

De acordo com a Associação, a situação não resulta de qualquer falha por parte dos produtores, mas da vontade do comprador em reduzir a quantidade de leite que adquire.

“Esta atitude é surpreendente porque passaram apenas dois anos desde que estes produtores foram convidados a fornecer esta cadeia alimentar com a expetativa de um contrato de longa duração e perspetivas de crescimento”, sublinha a APROLED, adiantando ainda que estes produtores “arriscaram mudar de comprador para poderem aumentar a produção e ganharem uma dimensão sustentável para encarar os desafios do futuro”, tendo investimentos e créditos para amortizar.

 

De acordo com a comunicação, a Associação tem receio que a situação se possa alastrar, avançando que “esta situação é preocupante e será grave para todo o setor se não surgirem indústrias ou cooperativas com capacidade para comprar e valorizar esse leite de forma estável e com um preço sustentável, capaz de cobrir os custos de produção”.

A Associação dos Produtores de Leite de Portugal disse ainda ser “difícil perceber a dificuldade em escoar e valorizar o leite português, quando Portugal continua a ser deficitário no setor dos laticínios, sobretudo devido à importação de milhões de euros em queijos e iogurtes”.

 

Neste sentido, alertou para a necessidade de uma “análise conjunta desta situação” e “com cuidado e responsabilidade”, de forma a se encontrarem “as melhores soluções para o destino deste leite, destes produtores, dos seus funcionários e das suas famílias, de forma a não criar um desequilíbrio no mercado que desvalorize o leite português e coloque em causa todo o setor”.

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Em declarações à Lusa e citado no ECO, o secretário-geral da Aprolep, Carlos Neves, precisou que, no total, os produtores que serão dispensados tinham contratado um fornecimento de 20 milhões de litros/ano à Terra Alegre, variando o preço por litro em função do mercado.

 

Fonte oficial da Terra Alegre Laticínios, contactada pela Lusa e citada no ECO, referiu que a empresa, “como é prática no setor do leite, revê os contratos anualmente em função da sua gestão de stocks existentes e das condições de produção e de mercado em geral”.

“Quando do exercício de planeamento resulta que as necessidades de matéria-prima são menores, como se verifica atualmente, a Terra Alegre procura minimizar o impacto sobre os produtores, trabalhando de forma atempada (aviso prévio) e próxima com cada produtor para encontrar soluções para cada caso concreto”, avançou a Terra Alegre em declarações à Lusa e citada no ECO.

A Terra Alegre, citada no ECO, garantiu ainda que tem vindo a fazer este trabalho “desde há meses, numa busca conjunta de alternativas de escoamento”, assegurando que a sua conduta se “pauta por uma relação responsável e respeitadora com os produtores com que trabalha, num espírito de verdadeira parceria”.

De recordar que a Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, adquiriu, em 2015, a unidade de processamento de leite à cooperativa de produtores de Portalegre, num investimento de 40 milhões de euros. Já em 2018, comprou também uma herdade em Monte Trigo, em Évora, com um total de 1100 hectares e uma produção diária de 30 mil litros de leite. Na altura a ideia era, de acordo com o CEO da Jerónimo Martins AgroAlimentar, António Serrano, “garantir o abastecimento de 100% das necessidades do grupo Jerónimo Martins em Portugal”.

Em 2020, os leites frescos do Pingo Doce foram os primeiros do mercado português a serem reconhecidos e certificados em Bem-Estar animal, segundo o protocolo Welfair TM com o selo AENOR.