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Biotecnologia

Cientistas descobrem genes para cultivar tomates e beringelas maiores

Portugal é o terceiro maior produtor de tomate da UE iStock

Cientistas da Universidade Johns Hopkins e do laboratório de Cold Spring Harbor, nos Estados Unidos da América (EUA), descobriram os genes que permitem o cultivo de tomates e beringelas maiores.

Os investigadores acreditam que os resultados, publicados num artigo na revista Nature, podem apoiar os agricultores, um pouco por todo o mundo, a transformar as variedades locais, atualmente muito pequenas, em produções em larga escala.

 

“Depois de efetuada a edição genética, basta uma semente para iniciar uma revolução”, disse o coautor do estudo e geneticista da Universidade Johns Hopkins, Michael Schatz.

E continua: “com as aprovações certas, poderíamos enviar uma semente modificada para África ou para qualquer outro lugar que seja necessário e abrir mercados agrícolas totalmente novos ou renovados. Há um enorme potencial para traduzir estes avanços em impacto no mundo real”.

 

Através de análise computacional, os investigadores compararam os mapas genómicos e mapearam como os genes evoluíram ao longo do tempo, com mais de metade a ter duplicado em algum momento no passado.

“Ao longo de dezenas de milhões de anos, há essa agitação constante de sequências de ADN a serem adicionadas e perdidas”, disse Schatz, explicando que “o mesmo processo pode ocorrer para sequências genómicas, onde genes inteiros se duplicam ou desaparecem. Quando começamos a procurar, notamos que essas mudanças eram muito difundidas, mas ainda não sabíamos o que significavam para as plantas”.

 

Para descobrir, os investigadores usaram a tecnologia de edição de genes CRISPR-Cas9 para ajustar uma ou ambos os duplicados de um gene e cultivaram as plantas modificadas para ver como os ajustes alteraram as plantas maduras.

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Assim, os duplicados de genes acabaram por ser importantes para determinar características como época de floração, tamanho e forma dos frutos.

 

Na beringela africana, uma espécie cultivada em todo o continente africano e no Brasil devido aos seus frutos e folhas comestíveis, os cientistas identificaram um gene que controla o número de cavidades de sementes, ou lóculos, dentro do fruto.

Segundo a análise, quando editaram os genes na planta do tomate, os investigadores descobriram que podiam cultivar tomates com mais lóculos: quanto mais numerosos, maior o tomate.

“A descoberta pode dar início a uma nova era para a planta do tomate, se for feita corretamente”, sublinharam os autores da análise.

De acordo com Michael Schatz, “aproveitamos décadas de trabalho em genética da planta do tomate para avançar rapidamente as beringelas africanas e, ao longo do caminho, encontrámos genes inteiramente novos nas beringelas que, reciprocamente, fazem avançar os tomates. Chamamos a isto de ‘pangenética’ e abre infinitas oportunidades para trazer muitos novos frutos, alimentos e sabores para pratos em todo o mundo”.

O estudo faz parte de um esforço maior para mapear os genomas completos de 22 culturas do género Solanaceae, que inclui os tomates, batatas e beringelas.