O projeto miOlive3, que arrancou no passado mês de outubro, pretende proteger as variedades tradicionais de oliveira através da multiplicação clonal. Foi aprovado no âmbito do PT2030 e envolve um investimento total superior a 1 milhão de euros.
A iniciativa é liderada pela Deifil e conta com o apoio do MORE CoLAB, do INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária e do Instituto Politécnico de Bragança (IPB) no papel de copromotores.
O ponto de partida para a criação do projeto passou pelo facto de a oliveira ser geralmente multiplicada por métodos de propagação convencionais, apresentando muitas das suas variedades tradicionais uma grave limitação na quantidade e qualidade das plantas obtidas, com estas limitações a serem agravadas pelo empobrecimento dos solos, o aparecimento de novas pragas e doenças e pelas alterações climáticas.
Deste modo, os principais objetivos da iniciativa passam pelo desenvolvimento de variedades de oliveira micropropagadas, micorrizadas e microenxertadas através de técnicas de cultura in vitro, utilizando plantas-mãe selecionadas em campo pela sua excelência na qualidade de azeite, e o desenvolvimento de produtos bioestimulantes à base de microrganismos micorrízicos e endofíticos, naturalmente presentes nos solos dos olivais e na oliveira.
“O projeto irá iniciar com a seleção das variedades portuguesas de maior interesse para que, recorrendo à micropropagação, à micorrização e à microenxertia, sejam disponibilizadas plantas de oliveira com características diferenciadoras, mais resilientes e adaptadas aos olivais portugueses, preservando o germoplasma nacional”, explicou Andreia Afonso, CEO da Deifil.
E continua: “além disso, e mantendo sempre como foco a gestão eficaz dos recursos naturais e a melhoria da produtividade, o projeto contempla o desenvolvimento de um produto micorrízico desenhado para os solos portugueses, com espécies de fungos micorrízicos e endofíticos presentes nestes mesmos olivais”.
A construção e a consolidação da cadeia de valor do olival é outra das metas do projeto, sendo que os resultados esperados incluem a obtenção de variedades de oliveira selecionadas, com foco nas portuguesas, aplicando técnicas modernas e inovadoras de biotecnologia vegetal para a sua multiplicação clonal, o desenvolvimento de um protocolo de microenxertia in vitro e in vivo para a oliveira e o desenvolvimento de um produto bioestimulante micorrízico para o olival, com base na análise do microbioma específico das raízes e rizosfera do olival português.
No que toca aos próximos passos, Andreia Afonso explica que “passam pela seleção em campo das cultivares para serem estabelecidas in vitro e posteriormente propagadas. Para esta seleção serão caracterizados o azeite e a azeitona, de forma a propagar as variedades de maior interesse para os produtores. Será também avaliado e caracterizado o microbioma da rizosfera e da raiz”.
“Este será o primeiro passo para o desenvolvimento de um produto micorrízico específico para as variedades portugueses, que terá em consideração os microrganismos presentes nos olivais portugueses”, remata a responsável.