O projeto internacional SPRING, que contou com a participação de entidades portuguesas, reforçou a necessidade urgente de implementação de uma metodologia de amostragem universal para monitorizar os insetos, essenciais, por exemplo, para a produção de alimentos. A iniciativa já permitiu descobrir várias espécies de polinizadores de interesse e com distribuição limitada em Portugal.
Segundo explicado em comunicado, em Portugal, a monitorização de polinizadores incide em seis locais, cinco no continente e um no Arquipélago dos Açores. A implementação deste projeto-piloto permite testar as metodologias básicas de monitorização de abelhas selvagens, borboletas e moscas-das-flores (ou sirfídeos), usando transectos padronizados, percorridos por cientistas e voluntários, e armadilhas coloridas (também designadas de “pan-traps”).
“A implementação de uma metodologia de amostragem universal à escala nacional e europeia vai seguramente levar a novas descobertas ao nível das espécies de insetos polinizadores e fornecer dados comparáveis de acompanhamento, até hoje inexistentes no nosso contexto”, explica a investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), Sílvia Castro.
Por sua vez, Sónia Ferreira, investigadora na Associação BIOPOLIS – CIBIO enfatiza que “existem efetivamente ainda algumas espécies por descrever em Portugal e um número muito elevado de espécies sobre as quais sabemos muito pouco relativamente à sua biologia e ecologia”.
Os insetos colhidos nas “pan traps” ainda estão a ser processados, mas as observações permitiram já encontrar várias espécies de interesse e com distribuição limitada, como a Andrena foeniculae e a abelha Lasioglossum buccale.
Nos Açores, a monitorização está a cargo do Grupo de Biodiversidade dos Açores. Segundo o investigador Mário Boieiro, “a monitorização nos Açores permitiu analisar comunidades de polinizadores pouco diversas, mas com vários endemismos, sendo este o único local de todo o projeto SPRING representativo dos ecossistemas insulares”.
Concluído o primeiro ano de amostragens, os trabalhos de campo reiniciam em março de 2023, sendo que até lá irão decorrer várias ações de formação, assim como a identificação das amostras recolhidas em 2022.
O SPRING é liderado pelo centro alemão Helmholtz Centre for Environmental Research. Em Portugal, o projeto é coordenado por uma equipa de investigadores do Centre for Functional Ecology da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e conta com a participação do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), da Associação BIOPOLIS – CIBIO, do Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Universidade de Lisboa, do Município de Oeiras e da Universidade dos Açores.