Um modelo diferente e inovador de feira agrícola foi a proposta que os empresários agrícolas Joaquim Pedro Torres, da Valinveste, e Manuel Paim, da Agroterra, lançaram ao mercado. A Feira do Milho 2009 recebeu centenas de visitantes, naquela que foi a primeira exposição prática realizada no país, com uma adesão que excedeu as expectativas da organização: “Foi um claro sinal de vitalidade e confiança dos produtores. Quisemos demonstrar o dinamismo e a capacidade de inovação do sector, e isso foi conseguido”, revelou à Vida rural Joaquim Pedro Torres.
Numa área de 170 hectares, em Valada do Ribatejo, no Cartaxo, foi possível apostar na interactividade, dado que a feira estava implantada num terreno agrícola real (pertença da Estação Zootécnica Nacional) permitindo aos visitantes profissionais ver em acção as principais máquinas que intervêm na cadeia de produção nas mais diferentes operações culturais, desde a mobilização de solos passando pela colheita.
A Feira do Milho foi também palco de uma área estática de cerca de quatro hectares onde estiveram em exposição máquinas, equipamentos, tecnologias e serviços, reunindo mais de 120 expositores que representaram a fileira cerealífera.
Tempo de debate
Nesta primeira edição da Feira do Milho houve tempo ainda para debater os principais temas que marcam a actualidade agrícola, com a organização de várias mesas redondas, muito participadas.
Numa fase de forte depressão de preços, em especial do milho, com cotações a atingir mínimos históricos, o alerta foi deixado por Luís Milhão Martins, produtor e director da Anpromis: “A manterem-se os preços, este ano só os agricultores com produções iguais ou superiores a 13 toneladas por hectare é que estarão acima do limite da rentabilidade”. Considerando que a percentagem de produtores nacionais que atingem este número é de apenas 10%, perspectivam-se grandes dificuldades de mercado para o sector.
A nível macro económico, Kierl Silva, da Bunge Portugal, analisou as cotações mundiais para os principais cereais e os factores que as influenciam. E deixou o aviso: “Com as novas tecnologias, a produção em países como o Brasil pode duplicar nos próximos anos. No Leste europeu este aumento será ainda maior, rondando os 70%”, referiu.
Destaque ainda para a intervenção de José Luís Lopes, da Cerealis, que considera urgente rever o sistema de comercialização que se utiliza em Portugal: “Não é comum trabalharmos no futuro e isso traz instabilidade. No mercado mundial 65 a 70% das matérias-primas são transaccionadas a um preço previamente garantido”, avançou este responsável que convidou os produtores a organizarem-se neste sentido.
