A remoção do amoníaco das águas residuais e a sua conversão em fertilizante é tecnicamente viável e pode ajudar a reduzir a pegada ambiental e energética da produção de fertilizantes, revela um estudo da Universidade de Drexel (Pensilvânia, Estados Unidos da América).
Segundo explicado em comunicado, a produção de azoto para fertilizantes é um processo intensivo em termos energéticos e representa quase 2% das emissões globais de dióxido de carbono.
Com este processo, “estamos a reutilizar o azoto existente em vez de gastar energia e a gerar gases com efeito de estufa para recolher azoto da atmosfera, que é uma prática mais sustentável para a agricultura e pode tornar-se uma fonte de receita para os serviços públicos”, desta o investigador Patrick Gurian.
Uma opção que está a ser explorada por várias ETAR na América do Norte e na Europa é um processo chamado air-stripping. Neste, o amoníaco é removido através do aumento da temperatura e do pH da água o suficiente para converter o produto químico num gás, que pode ser recolhido de forma concentrada como sulfato de amónio.
“A nossa análise identifica um potencial significativo de mitigação ambiental e benefício económico da implementação da tecnologia de air-stripping nas estações de tratamento de águas residuais para a produção de fertilizantes de sulfato de amoníaco”, escrevem os investigadores.
“Para além da produção de sulfato de amoníaco como produto comercializável, o benefício da redução da carga de amoníaco no fluxo lateral antes de ser reciclada na corrente de águas residuais da estação de tratamento de águas residuais fornece uma justificação adicional para a adoção de air-stripping”, defendem.
Com base em dados da instalação de tratamento de água de Filadélfia e de vários outros na América do Norte e na Europa, a equipa realizou uma avaliação do ciclo de vida e estudos de viabilidade económica.
As conclusões mostram que o processo emite cerca de cinco a 10 vezes menos gases com efeito de estufa do que o processo de produção de azoto Haber-Bosch e utiliza cerca de cinco a 15 vezes menos energia.
Do ponto de vista económico, o custo global da produção de produtos químicos de fertilizantes a partir de águas residuais é suficientemente baixo para que o produtor possa vendê-los a um preço mais de 12 vezes inferior ao dos produtos químicos produzidos pela Haber-Bosch e ainda assim atingir o ponto break even.