A Associação dos Produtores de Leite de Portugal (APROLEP) considera que “perante a ausência do Primeiro-Ministro e a passividade da Ministra da Agricultura, a produção de leite em Portugal ficará cada vez mais na cauda da Europa”.
Em comunicado, a associação revela que este reforço da sua posição surge após o anúncio em Espanha da subida do preço leite ao produtor em cerca de 2 cêntimos a partir de agosto, para fazer face ao aumento dos custos de produção. “É um absurdo ter o pior preço do leite ao produtor em toda a Europa, 6 cêntimos abaixo da média e ficar a partir de agosto quase 5 cêntimos abaixo do preço médio em Espanha”, considera a APROLEP.
“Em Portugal, enquanto os produtores sofrem aumentos, assistimos apenas ao atirar de culpas da indústria para a distribuição que ignora a nossa situação e permanece em silêncio”, denuncia. “É incompreensível assistir à atualização do preço de outros produtos de origem animal, que aconteceu, por exemplo, com os ovos, e não ver isso acontecer no leite”, acrescentam os produtores de leite.
A APROLEP considera “inexplicável” que “uma grande indústria, pertença de cooperativas, com peso no mercado, não seja capaz de valorizar o leite dos associados a um nível mínimo de sobrevivência” e que “supermercados que se dizem campeões no apoio à produção nacional não sejam capazes de dar o primeiro passo para salvar a produção de leite em Portugal”.

“É inaceitável que indústrias multinacionais, que transformam o leite em produtos de valor acrescentado onde são líderes de mercado, não sejam capazes de mostrar a diferença e pagar mais aos seus produtores”, acrescentam ainda. Os produtores consideram ser “ainda mais difícil de perceber quando uma cadeia de distribuição é também proprietária da fábrica de lacticínios, compra aos produtores e controla todo o percurso”.
Os produtores alertam que “se não houver um aumento do preço do leite a breve prazo não restará outra alternativa – deixar os campos e colocar os tratores na rua”.