Um surto de “língua azul” está a preocupar os agricultores do Norte alentejano ao nível do efectivo pecuário da região, com o tempo quente a favorecer a disseminação da doença.
Os primeiros focos foram detectados há cerca de um mês, já tendo sido infectados milhares de ovinos em diversas explorações agrícolas em diversos concelhos, como Nisa, Fronteira e Crato.
“O vírus transmite-se através de um mosquito, que com este tempo quente tem condições ideais para se desenvolver”, explicou o coordenador do Agrupamento de Defesa Sanitária (ADS) de Monforte, José Luís Cachapa, ao Diário de Notícias.
O coordenador avançou ainda que a “boa notícia” deve-se ao facto de se tratar de uma infecção através do serotipo 1, para o qual já existe alguma imunidade nos efectivos pecuários devido à vacinação maciça realizada no início de 2008. Os agricultores já foram aconselhados a revacinar o efectivo pecuário.
“As medidas necessárias foram tomadas. Se viesse algum tempo chuvoso e frio, o problema resolvia-se rapidamente”, refere António Bonito, presidente da Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre, esperançado que o Ministério da Agricultura “dê uma ajuda” para pagar os prejuízos.
Transmitida por um mosquito originário do Norte de África, a febre catarral tem sido detectada em Portugal desde finais de 2004. Os primeiros focos ficaram a dever-se ao vírus do serotipo 4, relativamente ao qual todos os animais ruminantes foram vacinados. Três anos depois, foi detectado em Barrancos o primeiro caso de contágio através do serotipo 1. Apesar dos efeitos nefastos que provoca nos rebanhos, a “língua azul” não tem impacto ao nível da saúde pública nem da segurança alimentar.
