A preservação e a valorização do património genético vitícola português devem constituir objetivos prioritários do setor vitivinícola. Enquanto a preservação das castas está sendo efetuada em bancos de germoplasma, normalmente designados por coleções ampelográficas, a valorização das castas minoritárias exige a criação de condições favoráveis à sua multiplicação.
Portugal possui um património genético vitícola muito rico e único. Das 343 castas listadas na Portaria n.o 380/2012, de 22 de novembro, que estabelece as castas aptas à produção de vinho em Portugal, cerca de 230 são consideradas autóctones Portuguesas ou da Península Ibérica. No entanto, na Coleção Ampelográfica Nacional (coleção de referência nacional e internacional com o código PRT051), pertencente ao Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), localizada em Dois Portos, existem ainda mais algumas dezenas de castas não identificadas (desconhecidas), recolhidas em diversas vinhas espalhadas pelo País.
Apesar deste vasto conjunto de castas, verifica-se que cerca de 55% da área total de vinha em Portugal e ocupada por um conjunto de apenas 26 castas (Figura 1), havendo um predomínio das castas tintas que representam cerca de 2/3 desta área total, mas onde se incluem 3 castas estrangeiras (IVV, 2014).
Quanto a dinâmica da multiplicação das castas, segundo dados da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), nos últimos dois anos, apenas cerca de 20 castas têm sido multiplicadas em quantidades significativas, sendo as restantes multiplicadas a uma escala bastante reduzida (64 castas) ou não sendo multiplicadas.