A falta de precipitação não afetou a produção de maçã e de pera nacional. No final de setembro deste ano, o INE previa um aumento na produção de maçã de cerca de 25%, para um total de 300 mil toneladas, e de 20% na produção de pera, para valores próximos da média dos últimos cinco anos. Importa referir que estas previsões não fazem referência a eventuais impactos dos incêndios de 15 de outubro.
No Boletim Mensal de Agricultura e Pescas publicado pelo INE em outubro pode ler-se que as maçãs apresentavam “bons calibres e coloração normal”. “De referir que se registou o desvio de alguma produção para a indústria, em particular nos pomares do interior Norte, afetados por quedas de granizo no princípio de julho e em finais de agosto”, acrescenta.
No que diz respeito às peras, o boletim estatístico revela que a colheita de pera Rocha foi impactada pelas elevadas temperaturas, “obrigando a um esforço (reforço de equipas) para aumentar o ritmo da colheita, no sentido de garantir as condições de conservação”. Apesar da “estenfiliose continuar a ser responsável pela rejeição de muitos frutos”, a produção deverá aumentar 20% face à campanha anterior, atingindo valores próximos dos habituais depois de dois anos marcados por maus vingamentos.
Campanha de batata demasiado produtiva agrava problemas de escoamento
Em relação à produção de batata de regadio, os dados apontam para uma baixa pressão de pragas e doenças, pelo que se prevê um aumento de 15% da produção desta cultura. Também por isso, prevê-se que as dificuldades de escoamento de batata para consumo e batata para a indústria aumentem, uma vez que os produtores nacionais já esgotaram a sua capacidade de armazenamento.
Expetativas elevadas no vinho
No que diz respeito ao vinho, as expetativas para este ano são elevadas. As previsões divulgadas pelo INE em outubro apontavam para um aumento na produção de cerca de 10% face à vindima de 2016 e para uma elevada qualidade dos mostos.
“Na generalidade das vinhas de sequeiro, o elevado número de cachos e as condições climatéricas extremas (calor e carência de humidade do solo) determinaram que os bagos se apresentassem pouco turgidos (ou mesmo muito engelhados). Ainda assim, as uvas entregues nas adegas encontravam-se, no geral, em muito boas condições sanitárias, bem amadurecidas e com elevados teores de açúcar. Prevê-se uma produção de vinho de cerca de 6,4 milhões de hectolitros”, refere o INE.
Produção de leite para consumo cai
Para além disso, de acordo com o boletim do INE, a recolha de leite de vaca foi de 150,3 mil toneladas, o que representa um acréscimo de 0,9%. A produção total de laticínios, por sua vez, registou um decréscimo de 4,0%, sendo de referir uma menor produção de leite para consumo.
Milho de regadio regista aumento de produtividade
No milho de regadio, as perspetivas do INE são de um aumento da produtividade em cerca de 5% face a 2016. “De referir que o milho está a ser colhido com níveis de humidade muito inferiores ao normal, havendo inclusivamente situações de milho colhido seco o que, apesar de evitar a passagem pelo secador (e, consequentemente, se conseguir uma redução dos custos), se traduz geralmente numa diminuição da qualidade da colheita, com um elevado número de grãos partidos à saída da ceifeira.” A falta de precipitação que se tem registado no país está também a atrasar o início de ciclo das pastagens de sequeiro, que “continuam sem qualquer disponibilidade forrageira, registando-se um aumento prematuro e significativo da suplementação dos efetivos pecuários, feito, duma forma generalizada, com recurso a alimentos conservados (de produção própria ou adquiridos) e concentrados (rações industriais). Este facto, aliado à dificuldade de instalação das culturas forrageiras (que naturalmente implicará um atraso na disponibilização de matéria verde), conduzirá a um prolongamento do período de suplementação, com um acréscimo significativo dos custos para as explorações pecuárias”, refere o INE.